Telhados de Lisboa

Telhados de Lisboa

Lisboa. Seguem mais notícias da terrinha que, de alguma forma, lembram nosso Brasil.

ASSALTOS. Começou no interior, como em Covas (Alto Minho), com ladrões assaltando cemitérios. Durante a noite. Para levar adornos e artigos religiosos. Só que, dali, estão passando a também procurar casas. Ocupadas, não só as vazias. A paz desses lugares mais remotos está em crise; e o risco, agora, é ver isso também nas cidades maiores. É bom rezar.

AUTISMO. O jornal PUBLICO informa que o secretário da Saúde dos Estados Unidos, Robert F. Kennedy Jr., pediu ao Centro para Controle de Doenças (CDC) um estudo sobre as relações entre vacinas (ele é contra todas elas) e autismo. A partir de artigo pelos centros científicos já considerado fraudulento, do ex-médico e ex-cientista Andrew Wakefiel (que ganhou 400 mil libras para assinar esse estudo). Quando, na base de dados médicos da PUBMED, se vê centenas de investigações (uma delas com 1,2 milhões de crianças) provando não haver qualquer relação. Ainda bem.

BOFETADA. A filha de 18 anos, no jantar, pede que se faça a partilha dos bens da mãe. O pai de 41, como resposta, lhe deu bofetada na cara. Segundo ele “foi um castigo leve, sua intenção era corrigir a filha”. O Tribunal de Almeida decidiu aplicar, a esse pai, multa de 860 euros (seis mil reais). Engraçado é que, desse montante, coube à filha só 300 euros (2 mil reais). Indo, os restantes 560, ao Estado. Por qual razão?, o Tribunal esqueceu de dizer.

BOLSA FAMÍLIA DE PORTUGAL. São os “Cartões Sociais Eletrônicos”, utilizados pelos mais pobres. Hoje, apenas 39 mil pessoas. Só que o número vem aumentando. Ainda longe, claro, dos 20,5 milhões de famílias cadastradas no Bolsa Família do Brasil.

CARDEAL TOLENTINO. Manchete do PUBLICO diz “O poeta e teólogo Tolentino de Mendonça vence prêmio Eduardo Lourenço 2025”. O prêmio, enorme no mérito literário, em dinheiro é modesto, comparado com o Nobel. Apenas 7,5, contra 800 mil euros (8 milhões de coroas suecas). Mas é significativo, até pela homenagem ao filósofo Eduardo Lourenço; que, para muitos, é quem mais merecia o prêmio Nobel de Literatura dado a Portugal.

CASAS PENHORADAS. Manchete do TSF informa: “Comprar casas penhoradas já não é mais barato: preços estão ao nível do mercado imobiliário”. Uma forma de adquirir imóveis a bom preço foi sempre ir aos leilões judiciais dos imóveis com dívidas. O site do Ministério da Justiça, gerido pela Ordem dos Solicitadores e dos Agentes de Execução, informa que, até agora, se conseguia comprar cada imóvel por 85% do seu valor de mercado. Só que a falta de moradias está elevando muito, esse percentual, e não se pensa que vá melhorar. Pena, para possíveis compradores.

EMPREGOS. Se o leitor for português, trata-se de uma boa notícia. A Noruega, considerado “país menos corrupto da Europa” (e quarto do mundo), está oferecendo 14 mil empregos. Com salários médios de 5.473 euros (35 mil reais). Quem se interessar, basta procurar na internet a rede EURES. Sem exigência de vistos de trabalho. A relação inclui soldadores, cozinheiros, enfermeiros, motoristas de caminhão, auxiliares de enfermagem, entre outros.

EUTANÁSIA. O PÚBLICO LX noticia que o “Suicídio assistido”, já aprovado pela Assembleia da República (o Congresso de Portugal, que não tem Senado), ainda não foi validado pelo Tribunal Constitucional. Discute-se lá 3 cláusulas que os portugueses não sabem quais são. É um debate complicado.

FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE LISBOA. Acaba de abrir concurso para selecionar 15 estudantes estrangeiros. Para se candidatar, precisa só falar português e inglês. Brasileiros podem usar as notas do ENEM. Quem estiver interessado, aproveite.

IDOSOS. Nos últimos três anos morreram, em Portugal, 757 idosos, sozinhos em suas casas (455 homens, 302 mulheres). É o preço da solidão.

JUDICIÁRIO. Primeira página do PÚBLICO declara: “É grave a interseção do poder judicial no processo democrático”. Dentro, em longa matéria, está que “A judicialização das políticas é uma das mais graves ameaças à democracia”. E a gente pensando que era só no Brasil…

MÃES ESTRANGEIRAS. Manchete principal de O PÚBLICO diz “Em 3 distritos (cidades), quase metade dos bebês são filhos de mães estrangeiras” – Algarve, Lisboa, Setúbal. E, com a presença crescente de imigrantes, esse número tende a ser cada vez maior. Em seis anos, mais que dobrou o número de bebês de brasileiras nascidos em Portugal. Só em 2024, foram 9.683. E acabam de ser descobertas Redes de Imigração ilegais em 17 freguesias (bairros) de Lisboa, que fabricam milhares de atestados falsos de residências e com testemunhas repetidas. Há hoje dezenas de processos sendo julgados, para punir os responsáveis, no Tribunal Central Criminal de Lisboa.

Não é um cenário simples. A experiência europeia começa a se fazer sentir em Portugal. Na Bélgica bairros inteiros, como o de Molembeel, são hoje ocupados sobretudo por mulçumanos. Em Paris, estão nos Banlieus ou bairros da periferia. Em Portugal locais como Cova da Moura e bairros próximos, nos subúrbios de Lisboa, são tomados por imigrantes de Angola, Cabo Verde e Moçambique. Que, ao menos, falam português. Mas há também a imigração hindustânica, nos bairros históricos, cuja maioria não fala português (nem vai falar). Por toda Europa há 100 mil pessoas esperando ser formalmente admitidas como imigrantes. Suspeita-se que, por trás de muitos, possa estar o jihardismo do Estado Islâmico.

São imigrantes diferentes daqueles de nossa história. Só para lembrar filhos de japoneses, no Brasil, não falam a língua de seus ancestrais. Só sabem português. Os pais, em casa, falavam japonês entre eles, apenas, jamais com os filhos. Para que se integrassem na nossa cultura. Já os imigrantes de agora não pretendem fazer parte dos seus novos locais. Ao contrário instalam, no novo mundo, pequenos pedaços de suas terras natais. Um cenário complicado, para os da terra. Que cada vez mais, em todos os países, são contra essa imigração. Basta ver o resultado das últimas eleições, em Portugal, com o crescimento do Chega. E com a derrota dos socialistas, responsáveis por deixar a imigração disparar de 5% para 20% no país.

MORADIAS DE APOSENTADOS. Os Norte-americanos são, depois dos brasileiros, aqueles que mais adquirem moradias no interior de Portugal. Para ocupar, quando se aposentem. Os da Califórnia preferem zonas de praias. Os de Miami ou Orlando, Cascais. Os mais urbanos, Lisboa e Porto. Também estão crescendo espaços de habitação “Co-living” ? imóveis com áreas pequenas e cozinhas comunitárias, lavandarias comuns e salas de trabalho usados junto com outras pessoas. Por conta do baixo custo. No Brasil ainda não temos isso, graças.

ORÇAMENTO. Não apenas aqui no Brasil o orçamento é um arranjo. Em Portugal, “despesas relacionadas com a área da Defesa” não contam mais como gastos do governo. Pior é que a própria Comissão Europeia está requerendo adesão a essa “Cláusula de Derrogação Nacional”. Querem que todos os outros países façam o mesmo. As contas do governo por toda parte são, cada vez mais, obras de ficção.

PRESENTES. Assim como Deputados, funcionários do parlamento agora só podem aceitar presentes de valor igual ou inferior a 150 euros (aproximadamente mil reais). Por conta de novo Código de Ética e Conduta dos Funcionários Parlamentares, que acaba de ser aprovado.

RAPARIGAS. Manchete do PÚBLICO LX diz “Rapazes votam mais na extrema direita do que raparigas”. Duas observações. Uma. Como nos jornais do Brasil, aqui não há “direita”, é sempre “extrema-direita”. Nem há “extrema-esquerda”, é sempre só esquerda. Outra é que o título, mesmo sabendo nós que se trata de mocinhas, ainda causa estranhezas aos brasileiros.

SERVIÇOS DE TAXI. Comemora-se, este ano, os 100 anos dos primeiros taxis em Portugal; criados, em 22/04/1925, por Fernando Casimiro Manso ? a Cooperativa Lisbonense de Chauffeurs. Num tempo em que se via, pelas ruas, sóelétricos (bondes), carroças e uns poucos automóveis. Eram 11 veículos da marca Citroen, mais conhecidos como “Taxis Palhinhas”, por terem bancos revestidos por palhas trançadas. Com 20 cavalos, faziam até 70 quilômetros por hora. E esse número inicial logo aumentou para 100 veículos. Uma novidade, literalmente, revolucionária no país.

SUS DE PORTUGAL. Os imigrantes estão indignados com os médicos portugueses, que não falam suas línguas. E, como eles não falam português, simplesmente não conseguem dizer o que sentem. Uma balbúrdia. Do nada surgiu, agora, proposta que parece satisfazer a todos. O de por, em cada unidade de saúde, um “Google tradutor”. Espera-se que resolva. As novas tecnologias, quem diria?, permitindo que os humanos se entendam.