
A Escola de Atenas by rafael
Segundo Nietzsche, grande legado grego, na filosofia, foi a relação séria entre pensar e viver. Viver e pensar. Na medida em que o viver, o fazer, é medido pela qualidade do pensar.
Pensar se reflete sobre a cultura do país. Na atitude das pessoas. Nos costumes sociais. No estilo de vida. É o que faz uma nação ser o que ela é. Por exemplo: o brasileiro é alegre. Vem da junção entre musicalidade africana e melancolia portuguesa. O japonês é solene. Vem da tradição severa e hierárquica. O norte-americano é bélico. Vem do far-west.
A cultura do país é uma cordilheira. Tem seus cumes. E seus baixios. Os Estados Unidos de John Kennedy resultaram de uma conjunção brilhante de assessores. Reunindo, entre outros, Robert, seu irmão, o intelectual Ted Sorensen e o economista John Kenneth Galbraith. A França de François Mitterrand tinha ele próprio e uma mobilização virtuosa de inteligências ao redor. A mais notável, André Malraux. Ministro da Cultura. A quem Mitterrand se referia como o único homem de seu ministério.
O tempo político é produto de uma cultura. Que gera espírito próprio. Denso. Semeador. Ou não. Nesses contextos, a originalidade e a capacidade de criar são claras. Por exemplo: Brasília foi construída no período florescente do governo Juscelino Kubitschek. E a pirâmide do Louvre, na gestão luminosa de Mitterrand. Grandes governantes se distinguem por construir. Winston Churchill construiu a resistência a Hitler. E Fernando Henrique Cardoso legou ao país o Plano Real e inflação baixa. Governantes medíocres deixam destruição. Autografam a morte. Exemplos atualíssimos: Putin e Netanyahu.
O fazer do povo reflete sua cultura. E a cultura resulta de valores. Liberdade, igualdade e fraternidade, na França de 1789. Ordem e progresso, no Brasil de 1889. Valores são conceitos e ideias pelas quais as pessoas lutam. Representam objetivos a serem atingidos pela sociedade. E contribuem para neutralizar os mitos. Que são condôminos de retórica emocional. E fútil. Para Fernando Pessoa, mito é o tudo que é nada.
Líderes verdadeiros alimentam valores perenes. Como liberdade e igualdade. E ajudam o país a pensar. Fazendo o país pensar, a grande liderança colabora para que o país encontre a verdade. E como se faz o país pensar ? Debatendo o planejamento dos objetivos sociais e econômicos. No espaço concreto do planejamento e orçamento. O orçamento é o planejamento em números. Sem segredo.
Planejar é olhar a cidade, ou o país, como se fosse a primeira vez. Um choque de beleza. O que fazer ? Como fazer ? Como mudar ? E, aí, surgem duas lógicas: a lógica da necessidade e a lógica da sensibilidade. A lógica da necessidade impõe investimentos em serviços de saúde, educação, segurança. E a lógica da sensibilidade sugere investimentos nas artes: museus, música, cinema, teatro.
O século XXI será um tempo de perdas ? Perdemos vidas humanas, perdemos bens da natureza, perdemos o senso de humor. Porque perdemos a compaixão. A capacidade sentir. De enxergar o outro. Naturalizamos a morte de crianças que buscam comida. Perdemos Ângela Merkel, perdemos Barack Obama, perdemos Margareth Tatcher, perdemos Felipe Gonzales. E a globalização disseminou o extremismo. E a mediocridade.
Quando a realidade se torna insuportável, o homem procura a arte. O norueguês Munch pintou O Grito. O catalão Picasso pintou Guernica. As livrarias, as salas de cinema e o coração do homem estão cheios das dores do mundo.
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