O presidente eleito da Venezuela, Hugo Chavez, gravemente enfermo e ausente do país, mesmo sem assumir o cargo, assina um documento oficial nomeando o vice-presidente e o Ministro das Relações Exteriores. É muito estranho, mas foi autorizado pela Suprema Corte do Estado venezuelano dando aparência de legalidade. Estranho, como foi a velocidade do impeachment do presidente Fernando Lugo do Paraguai no ano passado, legalmente aprovado pela esmagadora maioria do Parlamento, e a cassação do Presidente da Honduras Manuel Zelaya há três anos, também oficializado pelo Congresso hondurenho. Parecem formas diferentes em condições diversas, mas todas expressando manipulação política dentro dos vazios e imprecisões das regras democráticas. Melhor do que os antigos golpes militares escancarados, claro; mas, com essa mistura de velho populismo com manobras modernas de legitimação política e jurídica, muito longe de exemplar processo democrático. O mais estranho de tudo, no entanto, é a ambivalência da política externa brasileira, apoiando com entusiasmo o desajeitado processo venezuelano – do moribundo líder bolivariano – enquanto ataca como golpe o impeachment (também esquisito, mas legítimo) dos amigos políticos Lugo e Zalaya.
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É isso mesmo. Realmente é tudo muito estranho.
Mas é estranho também vocês se referirem assim “apoiando com entusiasmo o desajeitado processo venezuelano”.
Onde é que vocês viram esse entusiasmo todo?
Antônio Jorge
O entusiasmo da diplomacia brasileira não foi tão grande quanto da Argentina, da Bolívia e do Equador. Neste aspecto você tem razão e podemos mesmo aceitar que não foi com tanto “entusiasmo” que o governo brasileiro apoiou. Mas veja a ambiguidade: o ministro Antônio Patriota, que representou Dilma na expulsão do Paraguai do MERCOSUL, disse agora que a “Venezuela deu uma demonstração de maturidade política em outubro [na eleição que reelegeu Chávez], com o reconhecimento do resultado por parte da oposição e a ausência de denúncias. Temos confiança nas instituições venezuelanas e a evolução política do país se dará com base na constitucionalidade”. Ora, e as instituições dos outros países, incluindo o Paraguai?