Editorial

São dois valores, duas instituições que não se separam.  Uma não subsiste sem a outra.  Temos disso uma boa prova com o presente julgamento, pelo TSE, da acusação de ilegalidades cometidas pela chapa Dilma-Temer, nas últimas eleições.  Protagonizando o espetáculo, duas figuras notórias: o ministro-presidente, do STF,  ex-Advogado Geral da União, e o ministro-relator, do STJ, sertanejo e paraibano.  O primeiro, Gilmar Mendes, pela origem e por atitudes já tomadas, anteriormente, claramente impregnado de eflúvios político-partidários.  O segundo, Herman Benjamin, apenas compenetrado de sua função judicante, e da dimensão da causa que lhe coube relatar, sem medo e sem ódio.  No momento em que este texto é produzido, ainda não temos o desfecho do processo, com a condenação ou absolvição dos réus do alegado crime eleitoral, e suas consequências de perda, ou não, de mandatos e suspensão de direitos políticos.  Mas o simples julgamento já pode ser visto como uma afirmação da nossa Democracia e da nossa Justiça, ambas tão merecidamente criticadas e relativizadas, diante das recentes revelações, a partir da já histórica Operação Lava-Jato.  Que Deus, para os crentes, ou a brisa da razão, como queria Sócrates, para os racionalistas, guie os espíritos dos eminentes julgadores do TSE, para uma decisão final que não envergonhe o seu país.