Dúvidas hebdômadas.
Não estou interessado na Copa. A última que mexeu comigo foi a de setenta. Depois daquela todos me achavam estranho, despatriota. Acompanhei a de 70 desde a fase de classificação quando o camarada João Saldanha, na primeira entrevista que deu, escalou a seleção, do goleiro ao ponta esquerda, e priu. Nesta de 2018, parece que o desinteresse é geral. Quem sabe se todos, quando e se a canarinho começar a ganhar, entrarão em corrente para a frente? Veremos.
Já com o histórico pleito de 2018 há a mesma pasmaceira. Quando houver menos candidatos a Presidente e eles e ela começarem a dizer a que vieram, mesmo mentindo ou escamoteando, correrá um frêmito de cidadania pelas espinhas dos eleitores? A Copa e seu resultado influirão nisso? Veremos.
Ainda está tudo muito confuso.
Na escalação dos candidatos ainda não deram uma de João Saldanha e não se sabe quem vai jogar e em que posições. Esquerda, direita, centro esquerda, centro direita estão vagos. Só preencheram a vaga de extrema direita. Parece.
Na Rússia, ninguém entendeu o voto da CBF para a sede da Copa, a seguinte à Copa do Deserto. Votou com a Tunísia ao invés do NAFTA, como estava tudo combinado. O eleitor brasileiro, um tal de Coronel Nunes, malandrotário, ao ser criticado por mundo e meio das transações padrão FIFA ficou espantado porque o voto não era secreto. Não satisfeito, confundiu o Mar Vermelho com o Mar Negro, disse que o Brasil nunca havia ganho um caneco na Europa. Esqueceu o da Suécia, talvez porque em 68, na sua juventude, ainda não havia álbum de figurinhas.
Como uma coisa puxa outra, penso que o álbum de cromos da Copa Nafta 26, com o aumento do número de países participantes, deverá ser da grossura da Constituição Unificada da América do Norte, promulgada após uma segunda histórica derrubada de muro e sem peitiquentos primeiros ministros canadenses, pois já estarão no inferno. Estarão? Se não, quem estará?
Enquanto isso o gorducho, em termos de escore, está ganhando com folga do “homem mais poderoso do planeta”. Este, enquanto espera uma revanche, disse que agora vai cuidar da peleja com o Irã. Veremos?
No descanso de meio tempo dessas elucubrações vi que sempre temos algo de novo a aprender. Saquei que já não basta apenas não ser racista. Há que ser colorista. Braguinha e Antônio Almeida, mesmo politicamente incorretos, racistas e machistas, numa premonitória marchinha de carnaval já deixavam claro que não é para confundir cor com nuances: “Branca é branca, preta é preta, mas a mulata…”. Será que assim esclarecido poderemos ter, mesmo com atraso por conta do “casting”, o espetáculo sobre a nobre Ivone Lara com uma atriz negra para ninguém botar defeito? Sei não, mas espero que sim. Nossa Mãe da Serrinha merece todas ao loas. Por quem foi e fez.
Infernal mesmo é digitar essas coisas que me entram na cabeça sem saber se são de vera ou feique preocupações. Isto porque acabei de saber que “têje preso” precisa de convite antecipado. Se você é um suspeito terá tempo, entre o convite e o têje, de picotar os seus papeis e avoar o chip na sentina. Seis a cinco no STF, sob o aparente comando do Libertador Geral da República. Um placar que se repete, quase previsível e levaram dois dias jogando.
Deveria ser mais simples se os Ministros Togados votassem assim: – “Os Direitos Positivo e Objetivo, constitucional e infra, dizem isto e mais aquilo. Eu interpreto desta forma e, portanto, voto sim”, ou não. Poderiam ainda informar a seus pares e aos telespectadores que toda sapiência de outros autores, os seminários que frequentaram e que embasaram a interpretação seria encaminhada no voto escrito e disponível no site do Tribunal e no Google. Jogo rápido sem criar muita ansiedade. Não levariam tantas horas explicando o que já se sabia, deixando por dois dias todo mundo ansioso. Ou enfastiado?
Também por dois dias ininterruptos de debates e manifestações de rua contra e a favor, com placar apertado de apenas quatro votos, venceu, entre os deputados Hermanos, o aborto. Enfim.
Em Moscou, abriram o furdunço e o prélio já acabou. Quando cliquei com o mouse para ver como ia o escore os sauditas perdiam por cinco a zero. Mas não faz mal, ganham no Yemen por milhares de mortos a zero. Macabro.
Ao voltar para esta página precisei afastar macabrismos de meus pensamentos. Sempre que clico com a esquerda e com a direita no ratinho lembro de Zuckerberg dizendo ao Congresso americano que ele controla até esse movimento. É um tal de “mouse tracking”. Com a desculpa de saber se sou gente ou robô. Mas, no duro, deve querer saber de minhas preferências. E se ele ficar sabendo que sou mais Trudeau do que Trump, mais Ivone do que colorista, mais têje do que complacente; mais pelo aborto legal, mesmo que pelo SUS? Nem ligo. Ou devo?
Espero que a próxima semana seja farta de coisas indubitáveis e que na sexta, dia de Será?, só fique esta interrogação tão inspiradora a do título desta revista. Confirmaremos, ou não.
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