David Hulak

The Rain Room – MOMA.

The Rain Room – MOMA.

Falando sério, acho que ainda temos nove meses para promover o ano Pelópidas da Silveira. Ora pois, justa e merecidamente já se iniciou a programar 2016, o ano do centenário de Arraes.

José Arlindo, na semana passada, aqui e no Jornal do Comércio, tratou com relevo sobre a importância do melhor Prefeito que o Recife já teve, de Maurício de Nassau a Geraldo Júlio. Tratou sobre o hábil articulador político, o coerente socialista comprometido com o seu povo, o cara bom por unanimidade, respeitado por aliados e adversários e até pelos tiras do DOPS, com exceção dos militares que o encarceraram e interrogaram burra e desrespeitosamente.

 

Fui, como toda a minha família, seu tiete, eleitor, pedidor de voto.

 

Graças a Beto (Humberto Magno), grande responsável pela guarda de memórias relevantes, revisei uma entrevista da qual participei para a revista O Rei da Notícia, editada em 1985. Saquei dela, por exemplo, os seis meses de sua primeira prefeitura – foram três – as de Pelópidas e não de Beto, e, nesse pequeno tempo, o alargamento da Conde da Boa Vista e o início da Dantas Barreto. Desta, mudando o projeto para salvar o Pátio de São Pedro, a Rua das Águas Verdes e o Beco do Camarão.

 

Após a sua abjeta cassação no dia seguinte à quartelada de 64 assumiu o seu vice, Lucena, que transformou a Dantas Barreto no que é hoje, destruindo um dos maiores patrimônios arquitetônicos de Pernambuco.

 

Ali, na entrevista, se vê o pioneirismo em governar ouvindo a população através do reforço às Associações de Bairro e em audiências públicas. Me lembro daquelas em que ele recebia centenas de pessoas no Teatro Santa Isabel. Havia outras, nos bairros á noite, no segundo mandato.

 

Pelópidas foi vice de Arraes na Prefeitura na eleição de 1959 e quando aquele assumiu o governo estadual, em 1962, o seu mandato também expirou e ele foi cuidar da sua vida. Naquele ano houve eleição para Prefeito e a aliança política da qual participava se debatia entre três possíveis candidatos. Todos fortes. Tinha Artur Lima, Carlos Luiz de Andrade e Antônio Cintra do Amaral, cada uma representado um dos segmentos daquela coligação. Havia então o risco de perder a eleição para Lael Sampaio, “candidato da direita”, irmão de Cid. Arraes, sábio, consulta e lança a candidatura de Pelópidas e acabou a pendenga. Não deu outra: vitória.

 

Tergiversando, como Zé Teles sempre faz aos domingos no Caderno C, penso que a coleção do referido Rei da Notícia deveria ser digitalizada e o seu acesso facultado pela Sera?

Tinha o próprio Zé Teles, Fernando da Mota Lima, Marcelo Mário de Melo, Zé Cláudio, Xico Sá, Clériston, Paulo Santos e muitos outros. Vale. É história do jornalismo pernambucano e muito divertida.

 

Voltando ao centenário, há muitas histórias a contar. Muitos que as sabem estão vivos, bulindo e só esperando uma chance de as contar. Será muito educativo para alguns que estão na coisa pública e ainda podem ter salvação e para uma rapaziada que está para nela entrar.

 

 

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