As designações são soberbas: Igreja Universal do Reino de Deus, Igreja Mundial da Graça de Deus, Igreja Mundial do Poder de Deus. Os títulos dos respectivos líderes são também de chamar a atenção: Bispo Edir Macedo, Missionário R. R. Soares, Apóstolo Valdemiro Santiago. Todos têm forte presença na televisão. Além dos programas diurnos, passam a madrugada inteira pescando pobres desesperados em busca de prosperidade e curas milagrosas – desde que, evidentemente, o interessado torne-se um “dizimista”. Há estudos antropológicos mostrando que, efetivamente, algumas pessoas conseguem algum tipo de prosperidade ao aderir aos seus ministérios. É a figura conhecida da profecia autocumprida: se alguém, mediante conversão em troca da melhoria de vida, em vez de beber e entregar-se à vadiagem adota hábitos virtuosos e sai em busca de trabalho, tem boas chances de melhorar sua sorte. Já as promessas de cura são bem mais problemáticas. Pessoas simples, presas de grande desespero, são “pescadas” com a promessa de cura para doenças graves e letais como aids e câncer. Aqui, bispos, missionários e apóstolos estão atolando o pé no Código Penal, que prevê como crimes as práticas do curandeirismo e do charlatanismo. Deveriam todos ser impedidos dessas práticas em veículos televisivos que são concessões públicas. Mas como o Brasil é um país surrealista, pôde-se ler há alguns dias nos jornais que R. R. Soares e Valdemiro Santiago ganharam do governo brasileiro passaportes diplomáticos. Como diria Boris Casoy – que, aliás, é empregado de uma emissora de Edir Macedo – “Isso é uma vergonha.” Uma pouca vergonha!
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Disse um da seita citada para um católico:
-” perdeu, perdeu, boy, tá dominado”.
disse-lhes o militante da Jihad:
“- perdeu, perdeu, estão todos dominados”
..E disse-Lhe o diabo: dar-te-ei o poder e glória, pois a mim foram entregues e dou a quem bem quero.
E disse-lhe Jesus: Não podes dar-me o que é meu”
No Operário em Cosntrução, do poetinha.
Tambem quero um passaporte diplomático. Os filhos de Lula têm, os bispos evangélicos têm, os líderes do LGBT estão pedindo, e eu também quero e mereço mais que eles todos. Sou sacoleira e vou todo mês a Miani fazr compras para atender ao surto consumista da classe C brasileira estimulada pelo governo.Quem representa melhor nosso pais no exeterior? Eles ou eu que viajo, e com frequência, a serviço da economia brasileira? Claro que eu lucro. E eles não?
Olá, tenho acompanhado a revista. Achei este artigo indigno dela. Não quero aqui defender os líderes religiosos citados, mas o que pretende o artigo?! Simplesmente dar um parecer quanto à notícia da “Forbes”, como um comentário de twitter?
Se for para falar de estudos sobre a efetiva prosperidade de uma pessoa que adere a esses ministérios, então que seja algo menos desdenhoso – falar sobre a rede na qual o fiel é inserida é uma boa pedida, em vez do suposto novo comportamento de cidadão exemplar.
Cara Juliana:
A editoria da revista Será? não teve nenhuma intenção de desdenhar qualquer pessoa que bata à porta dessas igrejas em busca de ajuda para suas aflições. Se a Opinião desta semana passou essa impressão, pedimos desculpas aos leitores e agradecemos a sua critica como leitora frequente da revista. Quanto ao comportamento desses pastores que apregoam curas fantásticas para doenças graves – sem nunca esquecerem de cobrar as obrigações dos dizimistas – reiteramos nossa Opinião: valer-se de concessões públicas para divulgar tais temeridades é vergonhoso. Como é igualmente vergonhosa a concessão de passaporte diplomático para essas pessoas. Esperamos que continue lendo e criticando a revista porque, como está nos nossos fundamentos, é da dúvida e da divergência de opinião que se forma o conhecimento.
Os Editores
Camaradas, permitam-me a franqueza: o tema está tratado com um simplismo atroz. Além disso, o título, tomado emprestado ao Casoy, é bem infeliz, pois remete a uma clássica expressão do moralismo mais pedestre, aquele que Nelson Rodrigues estraçalhou. Bom, ninguém acerta todas as vezes. E como a ideia da revista é a dúvida, a discussão, deixo meu pitaco. Abraço cordial.