A liberdade de expressão e a privacidade do cidadão são elementos centrais da vida em sociedade e da democracia. A garantia de ambos encerra, contudo, contradições que demandam uma análise cuidadosa e, na medida do possível, negociação entre as partes interessadas. Decisão unânime do STF – Supremo Tribunal Federal-, nesta semana, liberou a publicação de biografias não autorizadas pelo biografado ou suas famílias, encerrando uma polêmica gerada pela desautorização da publicação da biografia de Roberto Carlos. De acordo com os ministros do STF, a proibição de qualquer publicação constitui uma censura prévia que compromete a liberdade de expressão e de informação e essa liberdade é um conceito central da democracia. O direito dos biógrafos, contudo, termina quando ameaça a preservação da vida privada das pessoas. E como as biografias, mesmo de pessoas públicas, costumam avançar no terreno da vida privada, emerge o conflito entre interesses e direitos: entre os que publicam e os que são biografados. Conforme a legislação, esse conflito deve ser avaliado e julgado a posteriori, podendo levar à aplicação de punições para os abusos, as inverdades e as calunias. A exposição da vida privada de personalidades públicas, sobretudo se são pessoas ainda vivas, não seria uma invasão da sua privacidade? Daí porque deve ser limitada às suas atividades públicas, evitando a vida privada.