“Você não verá aqui em Tbilisi uma só família que não tenha sofrido por conta dos famigerados russos. Já não falo nem da tortura psicológica que significava viver na defensiva porque este era um estado de espirito constante em mais de quinze países-satélites. Falo de desmoralizações, execuções, deportações e o que você imaginar. Vê aquela casa ali? Era a sede da KGB. Para não dizer que Beria só fez atrocidades no país natal, devemos a ele aquele bosque ao lado do teleférico que vemos na encosta. Ironicamente, você me pede para irmos a Gori amanhã, sob o nariz mesmo dos russos que estão acantonados na Ossétia do Sul. Paciência, não vou dizer não a um amigo, vou? Mas não pretendo sair do carro, se você não se incomodar. Quanto a mim, ia para a escola armado no começo dos anos 1990. Era um terror generalizado. Na primeira chance que tive, integrei o governo que botou o guizo em Moscou. Sofri numa cela apertada e passei por interrogatórios excruciantes. Sem nada a provar, me soltaram, os bastardos. Poderia viver fora daqui, mas é isso que eles gostariam de ver acontecer. E esse prazer, eu não vou dar aos filhos da puta. Criarei meus filhos aqui e vivo dizendo o que dizia na prisão: citem só um produto, apenas um, que a URSS tenha produzido de melhor qualidade que o similar americano. Todos silenciam nessa hora. Pena que me faltou altura. Mas meu sonho sempre foi jogar na NBA, no Chicago Bulls.”
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“Boa tarde, eu serei sua guia pela próxima meia-hora, tempo que levará nossa visita. Falo georgiano e russo, mas vejo que você prefere francês, não é? Pois bem, vou tentar. O nome de batismo de Stálin, o homem de ferro, era Iossif Vissarionovitch Djugashvili. E aqui na Georgia ainda é conhecido pelo apelido de “Sosso”. Este vagão de trem onde nos encontramos era de uso exclusivo dele. É blindado e se compõe da cabine principal, duas laterais para os seguranças, uma grande sala de reunião e o quarto dos engenheiros onde eles regulavam tudo no vagão. Mesmo quando ele viajava de avião, o vagão estava sempre lá no destino para dar apoio às viagens menores. Estão vendo aquele porão? Era ali que trabalhava o pai dele, sapateiro de profissão. Esses são os boletins escolares de Stálin. Eles atestam que era o melhor aluno da classe e se destacou também no coro da igreja, o que para muita gente pode parecer uma ironia. A mãe dele queria que fosse padre, mas logo ele se envolveu em atividades revolucionárias. Um neto de Stálin ainda vive em Tbilisi e a filha Svetlana, a face mais conhecida da família, morreu nos Estados Unidos onde viveu. Essas fotos o mostram na Conferência de Yalta. Já aqui, depois da galeria dos presentes, temos o gabinete no Kremlin. Como se vê, ele dava grande valor aos cachimbos, mas os abastecia com fumo de cigarro. Desculpe, mas só posso responder perguntas objetivas e factuais. Obrigada”.
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“É um prazer conhecer um brasileiro. Sou jornalista e sei que o Brasil é um país colossal. Sei que vocês estão numa situação ruim, mas não se sinta obrigado a falar de política porque também teríamos um monte de coisa a dizer. Menos mal que vocês não têm os russos nos calcanhares. Isso sim é bastante dramático. Já que estamos entre amigos, me permita dizer que acompanho com tristeza o que se passa com o futebol brasileiro que aprendi cedo a amar. A grande catástrofe para vocês não foi a derrota para o Uruguai em 1950. Foram sim as Copas de 1982 e 1986. É claro que você já concluiu onde quero chegar. Para mim, pois, não há figura maior do que Telê Santana. Quem pode se dar ao luxo de perder duas Copas e ser amado pelo povo? E ainda se consagrar como campeão do Mundo pelo São Paulo? Acredite, já vi muita coisa, isso não é para qualquer um. Mas a personalidade desportiva do século não foi Pelé. Foi Garrincha. Dizem que ele não gostava de treinar. Pois fazia bem. Ia ouvir os passarinhos em Pau Grande e pescar. Na hora do jogo, batava ir chamá-lo. Acho que quem mais o entendeu foi João Saldanha. Afora Elza Soares. Ela é viva ainda? Garrincha é poesia. Meu pai também foi alcoólatra. Dr. Sócrates também se foi por conta da bebida. Garrincha, o homem que não sabia quem era o adversário, inventou o fair-play. Diante do zagueiro caído, torto de drible, ele colocou a bola para fora para o homem se recuperar. Incrível. Veja, estamos ambos chorando. Eu só de falar, e você de ouvir”.
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“Como você sabe, caro Fernando, é de nossa tradição fazer brindes. Eles podem ser muito longos, mas hoje farei um curto porque vejo como namora nosso delicioso khachapuri e estamos todos com fome. Pela tradição, fala o homem mais velho à mesa ou o mais sábio. No meu caso, não sou nem um nem outro, mas sou o anfitrião. Então, antes de tomarmos o vinho gostaria que você soubesse que estamos honrados com sua presença. Vir de um país tão distante e sair conosco para comprar o pão do jantar, faz de você um membro de nossa modesta família. Saiba que senti-lo curioso por nossos costumes e respeitoso quanto a nosso passado nos enche de entusiasmo. Sei que somos conhecidos no mundo mais pelos nossos filhos execráveis – cujos nomes não citarei nesta casa – do que pelos homens e mulheres de bem que já legamos ao mundo. Hoje, portanto, vamos nos embriagar à nossa saúde. À amizade entre nossos povos e à paz mundial. Ao fim das tiranias e às boas coisas que unem os homens de boa vontade. Elas são: o gosto pela boa mesa, que já vimos que você tem pela maneira como namora os hinkales; o amor às artes e à música e a devoção às nossas famílias. Que você possa voltar em breve ao nosso país e que leve desses dias as melhores recordações. Somos asiáticos, é certo, mas também sabemos apreciar o que há de bom no mundo ocidental. Bebamos à sua saúde”.
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“Nosso treinamento linguístico era bem típico do KGB. Tínhamos algumas regalias, mas precisávamos dar contrapartidas concretas em escutas para manter os privilégios que, para mim, se traduziam nas viagens. Foi assim que fui à Colômbia e a Cuba. Na primeira, fui a uma feira de literatura em que atuei como tradutora do castelhano para o russo. Na segunda, acompanhei oficinas de músicas de salão para nossos estudantes georgianos. Parece que as coisas não mudaram muito por lá. Os médicos continuam ganhando quarenta dólares por mês ao passo que as putas fazem quase cem dólares ao dia. Temos algumas aqui em Tbilisi e elas são loucas por ouro. É uma forma de mostrar que têm dinheiro. Como temem ser roubadas, pedem aos dentistas que o coloquem nos dentes, como os ciganos. Sim, é verdade que o tempo passa, mas nem sempre as coisas mudam. Na minha idade, já não sei se terei chances de voltar à América do Sul, mas o país que mais me encantaria conhecer seria o Peru. Se já dormi com alguém para ter informações? Sim, é claro. Mas isso também me dava prazer. Usei e fui usada, como todo mundo nessa parte do mundo. Hoje sou guia turística e recebo alguns grupos da Rússia e de Israel, especialmente os que falam inglês. Temos muitos judeus por aqui. Você tem uma forma sedutora de encarar as pessoas, mas sei que isso é latino. Não insista que depois de tanto vinho, posso ter uma recaída, cariño“.
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“Sou americana, a típica menina dos Vales. Cresci em Los Angeles e passava o verão em Venice Beach. Mas eu achava também que deveria fazer alguma coisa pelo país ancestral, dos meus avós e bisavós que era essa distante Armênia. E, é claro, por mim mesma. Afinal, quero construir uma vida nova e para isso nada como um país novo. Fiz faculdade em Washington e depois fui fazer mestrado na França. Foi então que pedi ao governo armênio um posto no exterior que me permitisse terminar a tese. Foi dessa forma que passei uns meses vivendo no Peru e lá eu me apaixonei pela culinária e pela quinoa em especial. Então terminei tudo e vim embora para cá, determinada a plantá-la para ajudar a população a combater o diabetes e acabar com o predomínio da kasha russa. Ou o trigo sarraceno, como também se chama. Passo nove meses por ano lidando com esse povo que é o meu, mas que, ao mesmo tempo, não é. Nem sempre entendo o armênio deles, especialmente quando se trata dos fazendeiros do leste do país. Você sabe que aqui em Erevan falamos uma espécie de dialeto, não é? Pois bem, no começo todos diziam não, o que é uma praxe por aqui. Olhavam a quinoa com reserva por mais que eu dissesse que poderiam ganhar bom dinheiro. Muito mais do que com abricós. Hoje já tenho centenas de cooperados. Pode escrever, quando você voltar aqui, terei fornecedores do mar Cáspio ao mar Negro – os domínios da Velha Armênia que não existe mais. Desculpe, estou bebendo demais e falando besteira. Agora me conte, o que você gostaria de fazer aqui e que ainda não fez? Come on, pode dizer”.
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“Quando a URSS desmontou, eu era militar e estava no Azerbaidjão. Foi por essa época que eles começaram a caçar tenazmente armênios como se estivéssemos nos Bálcãs, para você ter uma ideia de comparação. Os azeris nada mais são do que turcos. Os mesmos que perpetraram esse brutal Genocídio contra nosso povo um século atrás. Enquanto Moscou dava as cartas, éramos obrigados a fingir ter uma convivência pacífica, o que no fundo terminava acontecendo. Pois bem, uma vez desmobilizado, eu vim para Erevan para lutar pela sobrevivência de minha família. Na época que eclodiu o conflito do Nagorno Karabakh, eu fiquei indo e vindo do front. Um dia um oficial russo me disse que se precisasse de gasolina, ligasse para ele. Ora, por um feliz acaso, o cônsul da Alemanha em Erevan me chamou e disse que compraria a gasolina que eu tivesse para abastecer a frota. Comecei a ganhar dinheiro. Apesar disso, ainda tocava percussão num cabaré, logo eu que sonhava em tocar Aram Khachaturian na Sinfônica. Agora tocava para putas e oligarcas. Mas então minha proximidade com os alemães foi crescendo, crescendo. O resultado é que hoje tenho a representação da Wella para a Armênia e conto com boas relações com o governo. Peço-lhe escrever uma novela ambientada aqui para atrair brasileiros para nos visitar. Como podem cem mil ir à Turquia todos os anos e nós aqui só recebermos mil? Preciso ir agora para supervisionar a montagem dos andaimes onde o Papa celebrará a missa na praça da República. Tomara que ele fale do Genocídio. Erdogan vai ter um troço, quero ver a Turquia arder. Como você vê, estou em todas”.
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“Se eu lembro do terremoto? Como poderia esquecer? Era 7 de dezembro de 1988. Já fazia um frio terrível no nordeste do país e nós tínhamos voltado há pouco tempo para cá. Quer dizer, no meu caso, eu estava na Armênia pela primeira vez. Isso porque morávamos em Baku na época das primeiras perseguições contra nosso povo, com o colapso da URSS. Como sempre sobra alguém de boa vontade, meu pai ofereceu a casa que ia perder a um azeri, e este deu a casa dele em Leniankan, praticamente no epicentro do terremoto de Spitak. Ou seja, já saíramos no lucro do Azerbaidjão, já tinha sido um renascimento. De repente, lá tinha eu que sobreviver de novo, dessa vez aos humores da Terra. Estávamos no momento de recreação quando a professora nos disse para sairmos imediatamente. Tudo sacudia. O único dos estudantes que levou agasalho fui eu. Durante anos ela diria a minha mãe que eu seria um adulto prudente porque enquanto todos tiritavam no frio, eu estava no pátio agasalhado em posição de sentido. Hoje toco a vida. Organizo festas, mas tenho dificuldades para visitar certos lugares porque continuo sem passaporte. Viajo com um documento especial, sou apátrida. Achei São Paulo uma cidade feia, fiquei hospedado num bairro chamado Tatuapé, conhece? Já o Rio de Janeiro é uma maravilha. Sai sem um tostão de lá, as mulheres ficaram com tudo, mas valeu cada centavo. Atualmente dou aulas de ioga e tenho salões de massagem tailandesa. Será que você teria um trabalho para me recomendar em seu país?”
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“Acho que fazemos parte de uma corrente da Diáspora que dá as costas ao Ministério que foi criado para esse fim e resolvemos trilhar o caminho de volta à nossa maneira, sem nenhum tipo de tutela. Somos um casal que tem formação em engenharia de computação nos Estados Unidos. Até que, durante uma visita a parentes, despertamos para o potencial das maravilhas do terroir armênio aos 50 anos. Decidimos voltar. Somos um país pequeno, mas com topografia que se eleva de um plateau de mil metros até mais de quatro mil. É um tesouro inestimável, convenhamos. Como estamos numa contramão logística por conta da fronteira fechada com a Turquia, com o Azerbaidjão e sem saída para o mar, pensamos em nos concentrar nos produtos de alto valor agregado. Cosméticos, linha de cuidados com a pele e essências florais para a indústria de perfumes e não só ela. Você percebe algo de diferente nesse rolinho de berinjela? Pois bem, é uma essência de rosas que o cozinheiro acrescenta à razão de uma pequena gota para uma fornada inteira. Não dá um sabor especial? Moramos anos em San Francisco e amamos a área da Baía. Nossos filhos ainda vivem lá, mas aqui nos sentimos imbuídos de uma missão. Nossa fábrica fica logo ali na direção do Monte Ararat. Passamos nossa infância aqui e amamos essa cidade. Li Teresa Batista, de Jorge Amado, em russo. Nas aulas de marxismo-leninismo, cochilávamos e os professores faziam de conta que não percebiam. Você vai ficar para ver o Papa? Ele anda de Renault. Já nosso patriarca passeia de Bentley. Espero que o bom exemplo frutifique”.
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“Não, o Betinho Asfora, pernambucano, meu colega de turma do Instituto Rio Branco, foi embaixador em Tbilisi, Georgia, não em Erevan. Aqui estou eu há três anos. Ele foi para a África do Sul para ficar mais perto do Brasil. Sim, é verdade, servi em Pequim e acho que tenho uma vaga lembrança do senhor por lá. Estou aqui há três anos e o pior da adaptação já passou. Minha esposa é filipina e estamos gostando de viver na Armênia. Eles são muito calorosos. O que eu mais lamento é que quase não cheguem brasileiros a Erevan, salvo um ou outro jogador de futebol. Dezenas de milhares vão à Turquia. É o poder das novelas, sei lá. Marquei há pouco tempo reunião para um fabricante gaúcho de ônibus, mas eles já cancelaram a visita pela terceira vez. Isso não se faz. Então vieram os chineses e ofertaram ônibus usados gratuitamente para a frota da capital. É assim que eles criam laços. De produtos brasileiros, chegam aqui uns quarenta milhões de dólares ao ano, especialmente frango e carne bovina. Já eles, os armênios, nos vendem apenas oitocentos mil dólares de molibdênio. Com isso, considero meu posto como superavitário em trinta e nove milhões de dólares, o que quer dizer que estamos no lucro. Recebi instruções da Chancelaria para dizer não. Não a verbas, não a declarações políticas sobre nossa situação interna, não a comentários que interfiram na agenda dos países vizinhos. Aliás, o senhor tem um cartão de vista?”
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Adorei este estilo! Leitura leve e gostosa. Me senti transportada a cada história relatada. E as histórias assim alinhavadas permitem perceber um pouco da vida, do dia a dia das pessoas nesta região. Muito bom!
Bom indício que você tenha gostado, Tamara. Logo você que é tão exigente. Meus textos são um pouco longos, mas é porque deixo o verbo correr até as plagas distantes que percorri. Acho sempre que perder o espírito de síntese é um mal menor. Espero, na verdade, que outros leitores deem o ar da graça nos próximos dias. Eles já foram tantos. A veiculação concomitante no Facebook é prejudicial ao bom debate que grassava aqui antes de nos tornarmos reféns da crônica policial.
Beijo,
Fernando
Belo e excelente texto. São retratos de um mundo distante da gente, desconhecido para a maioria de nós. Humano. Parabéns Fernando Dourado.
Muito obrigado, Raymundo. Achei que trazendo a voz das pessoas até perto de nós, talvez conseguíssemos entender essas duas culturas com mais nitidez do que com considerações geopolíticas. Depoimentos como o seu sinalizam na direção do acerto.
Abraço,
Fernando
Fernandão,
o seu dom para os ensaios é impressionante. Adorei a sua crônica. Senti-me em sua companhia atravessando a Georgia e adentrando o pequeno mundo de Stalin e desvendando a Armênia e suas idiossincrasias.
Abraço forte,
Felipe
Querido Felipe,
Agradeço que você tenha aberto uma brechinha de tempo em sua agenda para ler a singeleza desses depoimentos. Bem sei o quanto você é um leitor eclético e tê-lo em nosso espaço de Será? é uma honra e um presente. Teria tanto mais a dizer. Quem sabe um dia não volte ao tema? Como desbravador, já penso nas próximas escalas. Obrigado e um abraço,
FD
Por oportuno, assinalo a beleza da ilustração de João Rego, que tenho como coautor das modestas peças deste escriba. Por certo que as caucasianas são muito belas, o que agrega sobremodo à experiência.
Mister reconhecer, porém, que tais predicados já pontuaram no passado como ponto de atenção prioritário dessa retina nômade. Hoje eles não passam despercebidos, mas já não têm um apelo de então. Por que será?
Para nos redimir das omissões, temos João a nos relembrar que a beleza jamais pode ser secundária.
Caro Fernando
Mais uma vez parabéns pelo texto. Agradeço honrado sua observação elevando meu trabalho a categoria de coautor, evidente excesso de generosidade. Na verdade, mergulhar em um bom texto, nas sextas de manhã, em busca de uma imagem para ilustrá-lo, está se tornando uma prazerosa atividade criativa para mim. Você, com sua intensa relação com a vida e, ainda mais, caminhante incansável “por esse mundo véio sem porteira” é o responsável direto por desafiar minha criatividade.
Um forte abraço
Saúde e paz.
João Rego
Seus textos me atingem no estômago.Me deixam pequeno diante da grandeza humana. Vidas levadas a extremos insanos em mundo de paixões políticas.Seres humanos tragados por ondas políticas desumanas e que não renunciam à vida, e o que ela nos destina. Os russos retratados,quase sempre como brutais,tem seu lado humano e gentil.Não são os povos que são bons ou máus, são as ideologias e o Estado que leva as nações à guerra e ao terror.Os seres humanos são iguais em todas as raças pois a única coisa que os difere são os costumes. Um abraço do Fernando Borba
Prezado Fernando Borba,
O que você diz é muito pungente e vai bem além de minhas expectativas ao escrever a essência de tantos e tantos depoimentos que ouvi. De alguma forma, fico lisonjeado por ter conseguido passar essa mensagem.
Quanto aos russos, não ouvi referência específica a Tatiana, Vladimir, Yuri ou Sasha. Ouvi referência a um poderio sinistro que esmagou a identidade de povos durante décadas. O “homus sovieticus” está no centro da questão.
Para corroborar com as subjetividades a que você alude, prevalece na geração mais velha de armênios até certa gratidão a Moscou que, com habilidade, nutriu o mito de que lhes dera um Estado depois do Genocídio. Mas não é só isso.
Tendo visitado quase todos os satélites russos, posso te asseverar que, apesar das mega catástrofes ambientais e da estultice da economia centralmente planificada, ficou o gosto pelo balé, pelo xadrez, pela música e literatura.
E isso não é pouca coisa para gente que, como nós, vive num país de analfabetos funcionais onde a ignorância se vê apenas discretamente camuflada por uma camada de ensino formal.
Apareça mais vezes por aqui. “Será” é a casa do bom debate, a encruzilhada onde as tendências colidem, mas onde o alvo é a bola, e não a canela adversária. Você se sentirá acolhido já que é a primeira vez que o vejo nesse espaço.
Abraço,
FD
Querido Fernando,
Em vez de comentar teus textos no Facebook, como habitualmente faço, escrevo aqui cedendo ao pedido discreto e suave que adivinhei na tua alusão ao fato de as pessoas comentarem mais lá do que aqui: não resisto à força da delicadeza. Em mais um texto teu, cuja beleza da forma vence minha força exígua para resistir à forma bela e que celebra o humano em cada um dos seres dessa espécie atormentada pela liberdade presa à consciência, confirma-se a lição de que não vale a pena viajarmos se voltarmos os mesmos; é como se não tivéssemos saído do lugar porque, de fato, não teremos saído do lugar. “Lugar” aqui, por favor, compreenda não como aquele anterior à partida, mas como aquele que delimita um jeito de estar no mundo. “Sair do lugar” é sair de si, dar passagem ao outro, universalizar-se e, então, num milagre desses que surpreendem o cotidiano acostumado a si mesmo, voltar para si com o que tocamos e nos tocou na viagem. Ou seja, transformados. A bem da verdade, isso também é possível sem deslocamentos geográficos, uma dádiva quase sempre desperdiçada até mesmo por quem os faz.
Fui professora de português para estrangeiros por mais de 10 anos, na boa fase da privatização insuficiente da era FHC em que muitas das estatais foram vendidas a pool de empresas composto por algumas estrangeiras. Além de lhes ensinar nossa língua, sentia-me comprometida em traduzir o país para aquelas famílias estrangeiras, que vissem que ainda temos jeito porque não somos apenas o povo do jeitinho, do faz assim mesmo que ninguém vai perceber, do deixa para amanhã o que já foi deixado ontem, do todo mundo faz assim. Com familiares e amigos que venceram pelo trabalho, estudo e capacidade, queria que os alunos soubessem o quão profissionais e honestos podemos ser.
Os tempos eram outros, corriam os anos 90, tínhamos outros exemplos e acho que, em geral, alcancei meus objetivos. Nos desdobramentos incríveis do Plano Real e na terapêutica de algumas insanidades nossas iniciada pelos governos FHC, as instituições se revigoravam, a economia se estabilizava, o Estado e os mecanismos de governança se submetiam a agências fiscalizadoras, vigia o princípio republicano de separação entre público e privado, a democracia amadurecia no país que em 10 anos se livrara da ditadura militar e, na boa, refazia-se de um impeachment: o Brasil se modernizava e parecia que chegaríamos à civilização.
Entre a perplexidade e a náusea, com a ética em transe sob o lulopetismo, aquele país foi adiado por uns 50 anos na obra do mais sórdido fenômeno da nossa história cujos próprios patronos miseráveis foram devorados por ele: o PT, que quase matou o Brasil, morre de petismo. Dramaticamente tarde, mas morre. Para a tardança contribuíram também que (1) aos brasileiros decentes faltasse a ousadia abundante na escumalha e nos inúmeros sócios dela que assaltaram a república e o Estado por meio de um governo de gângsteres; (2) os medinhos e nojinhos de uma oposição oficial maricas, sem pegada, que, como a cerveja sem álcool que não presta, a feijoada light que é só um troço insípido e o bife de soja (argh!) que é uma farsa impalatável, jamais se opôs restringindo sua participação na política a sonolentas campanhas eleitorais, esquecendo-se de que é ela, a oposição, que inventa a democracia, já que governo sempre há de haver (mesmo FHC, espécie de reserva moral da nação, até outro dia dizia que Dilma era honrada; ora, honrada era d.Ruth Cardoso que não saudou a mandioca, não homiziou meliantes no governo e na máquina estatal, não fez da mentira o pão da alma); e (3) amplos setores da sociedade que têm nas esquerdas as queridinhas a quem tudo é perdoado – os ditos descolados, que pensam que o Brasil vai do Leblon à Vila Madalena e das PUC à USP e UnB, acham tipo-assim-bacana ser esquerdista; certas porções das classes médias e alta acham que apoiar um governo de esquerda purga a culpa de uma consciência que se vê culpada pelas dramáticas diferenças de um país mais injusto.
Por mais desoladora que seja tal paisagem, talvez ela realmente não se compare à crônica de tragédias que os russos impuseram aos georgianos (e outros povos), mas, creio, essa paisagem parece ser mais difícil de combater porque insidiosa, travestida do Bem e do Belo numa metafísica que, por 13 anos e contando, foi imposta por um cachaceiro ignorante, um caudilho ladrão, um analfabeto moral, um jeca truculento.
Aliás, sobre d.Rurth, cite-se que ela, afável, inteligente e divertida, chegou ao Palácio do Planalto senhora já de trajetória intelectual sólida e de carreira profissional respeitada; abdicou do cargo de primeira-dama dizendo que se tratava de uma “caricatura do original americano” e preferiu trabalhar de verdade criando o saudoso e eficiente Comunidade Solidária. Foi guardiã, junto com o marido, da honestidade de meios e fins e da delicadeza nos Palácios do Planalto e Alvorada antes que a jequice, a truculência e a canalhice as expulsassem dos respectivos salões.
Pode ser restabelecido o decoro neles com a instalação definitiva do casal Michel e Marcela Temer. Mas a patrulha do feminismo totalitário já ataca a bela, recatada e do-lar primeira-dama por ela ser bela, recatada e do-lar, como se esta opção não fosse tão legítima como qualquer outra honesta, como se não estivesse cheio de mulher imbecil, oprimida e/ou opressora que não é o que Marcela Temer aparenta ser. O que só vem confirmar que o feminismo faria muito mais pelas mulheres se lutasse por vagas em creches para que elas tivessem onde deixar os filhos para trabalharem sossegadas do que tentar a toda hora se enfiar na cama para onde não foi chamado; querer deitar no meio dos casais; patrulhando o tesão e ver quem lava a louça. Dona Ruth Cardoso não merecia ter vivido para se ver envolvida num dossiê sórdido parido na Casa Civil de Dilma Rousseff e nem merecia morrer antes de ver chegar ao fim a era da canalhice que o gestou.
Para encerrar, deixe-me, por favor, falar de Telê Santana. À época da Copa de 2014, vi ataques pessoais a Telê Santana e críticas à maravilhosa Seleção de 1982. Além de deselegante atacar uma pessoa morta, não há o que falar de um homem íntegro e profissional competente como Telê, o único técnico mantido na Seleção depois de perder uma Copa até então. Quanto àquele grupo, acusam-no de não ser perfeito, como se a imperfeição não fosse constitutiva de tudo quanto desabrocha neste mundo incurável. Mas a perfeição o visita frequentemente, basta nos capacitarmos para percebê-la e a Seleção de 1982 foi perfeita em muitos instantes, claro que não falo daquela zaga mortal e tristemente distraída.
Ora, e não é são assim com as coisas e pessoas que amamos, perfeitas naquela sequência risonha de instantes em que nosso coração se distrai mortal e alegremente dos defeitos que possam ter? E, quando se dá conta deles, retira-se dolorido perante os defeitos intoleráveis que esburacam aquela sequência, mas releva maduro os que apenas arranham a superfície dela sem penetrá-la; é por isso que aquela Seleção estará para sempre nos nossos corações e dos amantes do futebol pelo mundo, enquanto a de Felipão campeã de 2002, não. A tristeza úmida e a ternura patriótica com que nos lembramos da derrota de 3 a 2 para a Itália, desperdiçando para sempre as três oportunidades do empate que nos classificaria, em julho de 1982 (lembro que eu tinha prova naquele dia, no ensino médio, chamado “colégio” então), transformam-se melancolicamente em perplexidade e indignação no vexame agudo do inesquecível julho de 2014 que desejamos esquecer.
Não posso terminar sem agradecer o texto, meu Fernando, uma perfeição na crônica de incessantes imperfeições intoleráveis da realidade brasileira. Mas saiba que nem ela desvanece este cálido perfume renovado da leitura tua, florescente na superfície da sequência de instantes perfeitos. Um beijo
Fernando,
Você escreve lindamente com uma leveza que me senti transportada a cada realidade vivida. Eu aprendo com você. Você me impressiona- O mundo se mistura com o seu todo, e resulta num Homem singular.
Bravo!
Querida Samara,
Muito feliz de vê-la por aqui com palavras tão calorosas. Espero que Hélio também tenha lido e que, juntos, à nossa maneira já tão testada, tenhamos feito essa longa jornada juntos. Obrigado e um beijo,
FD
Minha querida Vânia,
Dos articulistas regulares da revista Será?, talvez só Fernando da Mota Lima a conheça em todo seu esplendor. O outro sou eu, um dos mais recentes colaboradores desta revista resiliente que, contrariamente às irmãs do gênero, vem se provando longeva graças aos esforços abnegados de Teresa Sales, João Rego e Sergio Buarque e, mais recentemente, aos do escritor (este de verdade) Clemente Rosas, alçado a nosso Conselho.
Íntimos sem nunca nos termos sequer avistado nessa terra bandeirante em que se marcam desencontros, imagino a perplexidade de nossos leitores ao deparar o texto rico, vívido e caudaloso com que você brinda regularmente seus amigos nas redes sociais. Quem ainda acha que elas só abrigam as “selfies” anódinas, seu texto destrói com uma marreta tanto reducionismo e deverá inspirar os resistentes a aderir. Inclusive Clemente.
Isso dito, obrigado pelas considerações que meu artigo despretensioso ensejou. Seu comentário vale bem mais do que ele todo. O primeiro parágrafo, então, é uma obra prima que entesourarei para o dia em que vier a publicar um livro e precisar de poesia cirúrgica sobre o que é, de fato, viajar. Chego a estar mal-acostumado de tanto ler semelhantes pérolas. Espero que essa adicção contagie os leitores de Será? e que você apareça mais vezes.
O que sim deverá surpreendê-la – ou não – será a reação dos tantos leitores que a devem ter lido com a curiosidade que atraem os novos nomes na coluna da direita (da página). É do espírito da revista acolher considerações tão bem formuladas e tão sem lugar a ambiguidades. Mas, cá entre nós, temos também uma bancada sisuda, reverente e acautelada contra transbordamentos e nem sempre silente. Em suma, a revista consagra o bom combate.
Assim sendo, que você seja recebida como a fina escritora que é, e que a modéstia compele a se identificar simplesmente como uma “revisora” de textos. Aliás, quem disse que as mulheres belas e o verbo preciso são incompatíveis?
Um grande beijo,
FD
Fernando, nosso Dourado ourives, está brilhando como um dos mais saborosos cronistas da atualidade. Precisam os grandes jornais descobri-lo com urgência para que não fiquemos relegados à mesmice de sempre. Ou é partir para o garimpo onde quer que ele escreva.
Querido Leo,
Escrevi um e-mail de boas vindas a Pernambuco, mas ele sumiu das telas da Será? como uma aeronave abduzida por um OVNI. Tem alguma coisa errada no meu computador ainda que mais não seja do que fadiga de material porque isso tem acontecido rotineiramente. Tal máquina, tal dono – ambos carentes de reparos de manutenção sem tardança.
Mas não é tarde para te dizer que fico agradecido pela sua visita ao Recife, ainda que seja esta meramente virtual. Continuas devedor de uma estada presencial como fez teu pai, o saudoso Plínio Marcos, que esteve na época com meu primo Antonio Barbosa, um apologista do teatro sem filtros, e em quem deixou tão viva impressão.
Sim, Será? é muito benevolente comigo e, pela plêiade de patriotas letrados que reúne, poderia prescindir de meu concurso que já não preencho esses requisitos. Mas sabe, por outro lado, que eu não encontraria albergue nas grandes redações onde outrora pontificava Pepe Escobar na FSP, um globe-trotter inspirado, se bem estou lembrado. Aliás, é filho de Ruth?
Agora que você aprendeu o endereço de casa, é só aparecer e desfrutar da companhia de outros tantos amigos que você fará lá pelas bandas do Leão do Norte e que gostarão de acompanhá-lo no FB, como eu faço. Entrementes, me regozijo de poder vê-lo aqui em São Paulo, em raros mas prazerosos fins de tarde de confraternização.
Abraço e obrigado pela leitura. Conta muito quando vem de você.
FD
Que narrativa legal, Fernando! Aguçou minha curiosidade, além de ser emocionante em diversas passagens. E… não sou nenhuma fanática por futebol, mas o trecho que o interlocutor cita Garrincha e Elza me emocionou, em especial!
Minha querida amiga,
Sempre uma grande alegria revê-la por aqui. Você sempre foi um termômetro importante para que soubesse o quão vizinho – ou distante – poderia estar do bom gosto. Interessante o que você diz sobre Garrincha. João Rego expressou o mesmo sentimento.
Beijo,
Fernando
Fernando, J’ai apprécié ton récit ”Echos d’une expédition dans le Caucase” découpé en plusieurs histoires personnelles bien distinctes. Accentuant les différents parcours de vie de ces nouveaux amis, diamétralement opposés, sans jamais sombrer dans le pessimisme et le drame, malgré les épreuves successives dans leur vie. Tu parles du monde tel qu’il est réellement, tel que les gens le vivent de l’intérieur.
Je me demandais, Fernando, si le fait d’être confronté à une vérité absolue, cela déclenchait quelque chose en toi pour écrire différemment et ainsi briser d’éventuelles barrières que tu pouvais avoir eu à tes débuts?
Je sais que tu es un esprit libre, critique, qui t’aide à voir le monde tel qu’il est véritablement. Que l’écriture t’ouvre un monde infini où règne un espace de totale liberté où tout est possible. On le ressent clairement dans tes textes. Il faut être brillant et vouloir quelque chose de très important, vouloir transmettre, laisser une trace derrière soi pour s’atteler à cette tâche si importante qu’est ”écrire”.
Bien Chère Amie,
Je te remercie de tes compliments si profonds mais je soupçonne que cela n ´a pas beaucoup à voir avec être brillant ou pas. Il s´agit surtout de porter mon intérêt vers la vie plus ordinaire des gens communs et de vouloir en extraire un sens qui normalemnet nous échape entre les doigts quando on ne voit que le grand scénario de l´histoire dont la lecture est souvent viciée. Pour moi, effectivement, l´histoire se tisse de ces petits bouts entremêlés qui finissent par ébaucher un mosaïque plus fiable.
Laisser une trace de soi, eh bien, je dirais un grand oui, tu as bien raison et je t´en remercie. Au fur et à mesure que mon temps s´écoule il y a effeftivement un sens d´urgence qui prend corps et j´ai envie de porter un témoingnage concret – si possible durable – des plusieures choses que j´ai vu dans le monde au bout d´ une vie consacrée aux petites découvertes du quotidien de la vie des autres. Si cela n´est pas devenu une obsession, il est vrai qu´il s´agit d´un souci constant qui me consomme bien d´énergies.
Je te remercie si vivement que ce texte soit arrivé intact en Suisse et que tu l´aies lu. Et que tes impressions aient été si positives. Comme cela tu m´ encourages à continuer puisque je sais que tu as bien du goût pour le monde des lettres. En plus, je vois que l´univers de la traduction par Internet ne cesse de chercher la perfection puisqu´il ne doit pas être très marrant de lire tant de lignes d´un seul souffle si la traduction ne nous donne pas un coup de main. Mais je sais que tu l´as fait aussi par amitié. Un grand merci, donc.
Je t´embrasse,
Fernando
Caro Fernando,
A sua resposta a essa amiga de fala francesa me revelou um dado pelo qual, para honra minha, nos aproximamos. Nas minhas poucas viagens – quando estudante, no Leste Europeu, Canadá e Uruguai, e depois de velho em Moscou e em trilhas do Peru e da Patagônia Chilena – o meu maior interesse, além das paisagens naturais, era com as pessoas. as simples pessoas. É com elas que a gente aprende, seja pela diversidade das culturas, seja pelo substrato de humanidade que nos une a todos, habitantes da Terra, o pequeno ponto azul do Universo.
Grande abraço.
Clemente
Caro Amigo,
De fato tenho um certo fascínio pela crônica comezinha do dia a dia das pessoas. O que acham dos países vizinhos? O que comem? Como concebem o futuro? Que leitura fazem do passado? Quanto gastam com remédios? Quanto pagam de eletricidade? São a favor da liberdade de opinião? Os jovens podem escolher com quem casar? O que acham dos homossexuais? O que gostariam ainda de fazer em seu tempo de vida? Como imaginam o Brasil? E assim vai…
É claro que temos que reservar um tempo para os museus que nos darão nexo e contexto às respostas colhidas nas mesas de bar, nas madrugadas dos cabarés ou no que restou dessa instituição. É claro que precisamos aturar as patacoadas dos porta-vozes enfatuados e dos embaixadores previsíveis. É claro que ideólogos e formuladores são um chiste por si sós. Mas viva a rua.
Fico feliz em saber que você também empresta esses caminhos, Clemente.
Abraço,
FD
Sempre bom te ler, Fernando.
Obrigado, Ruthinha.
Feliz que você tenha lido e gostado.
Bjs
Fernando
Acho que o melhor do texto de Fernando foi inovar na forma de relatar uma temporada. Eu pelo menos nunca tinha visto um relato acontecer assim, apesar de ele dizer que existem formas muito mais inusitadas de se contar uma viagem. Pode ser, mas gostei dessa. Pensei em desistir da leitura nas primeiras linhas, mas valeu acompanhar a narrativa, depoimento depois de depoimento. No final, adorei.
LFC
É isso aí, Lavínia, acho mesmo que essa é só uma forma de contar uma aventura, você está certa. O que é tremendo no ofício de ter que produzir uma série sustentada de textos periodicamente, é não poder sucumbir à fórmula pronta. Ou seja, vendo que ela agradou – como parece ter sido o caso desta – incorrer em repetição. Por menos que se goste, a tentação é grande, mas seria o caminho mais curto para a previsibilidade. Daí agradecer sempre suas palavras de incentivo, especialmente neste caso da viagem ao Cáucaso.
Bj,
FD
Fernando, Essa foi talvez a melhor peça literária das que você já escreveu para a revista Será? Perde só para “Conexão londrina” e “Abecedário de Veramundo Rota”, minhas favoritas. Você está de parabéns e no dia que escrever um livro precisa vir fazer uma palestra para seus leitores daqui de Petrolina. Para quem diz estar apenas começando, você tem feito grandes progressos. Quem o conhece de perto sabe que você teria pelo menos dez vezes mais a contar sobre suas viagens. Aliás, quando é a próxima? Estou dentro. Abraço, Luiz Eduardo
Querido amigo,
Muito obrigado pela sua visita a essas páginas virtuais. Fico muito contente que tenhas acompanhado esses relatos picados e pungentes. Aproveite para divulgar a Será entre seus amigos de Petrolina, cidade cara a todos nós. Estou mais feliz ainda por sabê-lo fã de “Conexão Londrina” , que também é uma de minhas crônicas favoritas. Devemos essa boa interação aos bons ofícios desta revista milagrosa e obstinada. Recomendo visitar todos os cronistas para que te apercebas da abrangência dessa proposta editorial.
Abraço,