Quando uma parcela não desprezível da população (muitos que nem conheceram o horror de uma ditaduta) defende uma intervenção militar para fechar o Congresso, emparedar o Judiciário e silenciar a imprensa, a democracia brasileira está em perigo. Quando uma parte desta população se mobiliza e vai às ruas (no meio da propagação de uma pandemia), com faixas e cartazes pedindo a edição de um novo Ato Institucional nº 5 (mesmo que muitos não saibam sequer o que viveu o Brasil sob este grosseiro instrumento de repressão), aumenta a ameaça às instituições democráticas do país. E quando o presidente da República, com seu histórico de autoritarismo e de insanidade mental, apoia esta manifestação com um discurso, em cima de uma caminhonete, e diante de várias faixas e cartazes com rejeição violenta da democracia, acende-se um alerta aos democratas brasileiros, aos milhões que respeitam a Constituição e o regime democrático. Felizmente, as Forças Armadas estão comprometidas com a obediência à Constituição, e não embarcariam numa aventura golpista e ditatorial, menos ainda concedendo mais poder a um presidente desvairado. Entretanto, o presidente parece apostar no conflito, na agressão e no caos social, na expectativa de criar um ambiente de comoção e violência, para cobrar uma intervenção militar no país. Instituições, lideranças políticas e intelectuais manifestaram indignação com as demandas de ditadura e de AI-5, e com o apoio explícito do presidente a este movimento. Reação importante, mas muito pouco diante da agressividade do bolsonarismo. Declarações isoladas nas redes sociais diluem-se e flutuam no meio de bilhões de posts do WhatsApp, do Twitter, do Instagram e de outros meios de comunicação. O momento exige uma reação muito mais forte e comprometida da sociedade brasileira, com a formação de uma frente suprapartidária de lideranças políticas, intelectuais, artísticas e sindicais comprometidas com a Constituição e com a democracia. A situação demanda uma iniciativa das principais lideranças reconhecidas pela sociedade, para a articulação deste movimento em defesa da democracia.
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Certo o Editorial, ao pedir uma frente democrática para conter o autoritarismo na Presidência da República. O PR repete ad nauseam que tem o direito de nomear e demitir quem quiser. Alguém duvida? Nomeações, tentativas de desmoralização, e demissões têm buscado subordinação absoluta, mesmo ao arrepio da ciência e da sensatez, e trataram de enfraquecer órgãos do estado que funcionam para conter ilícitos, como COAF, CARF e por último a PF. Dia 24 de abril, Sérgio Moro, suavemente, sem alterar a voz, colocou uma barreira no caminho do Presidente Bolsonaro que achou que poderia impunemente transformar a PF em sua polícia particular. Parabéns, Sérgio Moro, pela defesa da legalidade. Entendo que foi a gota d’água. Lavajatista nunca fui, está registrado (inclusive aqui na “Será?”), sobretudo porque aquela tara dos lavajatistas de só falar em corrupção prejudicou a discussão de outras políticas públicas, sobretudo da política econômica, e foi a política econômica lulodilmista que trouxe a recessão 2014-2016, da qual havíamos começado a sair no governo Temer. Mas neste momento o que Moro fez foi por uma pedra no caminho de tropeços do PR rumo a um regime cada vez mais ditatorial. Os holofotes estão no comportamento antidemocrático do PR, que sequer tem noção que a PF é uma instituição de Estado e não de Governo.