Editorial

Chicago Conspiracy Trial, 1969 by Andy Austin.

Não são apenas manifestações isoladas de intolerância. São redes organizadas e com alto poder de propagação de mentiras, deformação de informações, intimidações e acusações falsas, na tentativa de desmoralização de adversários e críticos de Bolsonaro. Não são apenas inocentes “fake news” difundidas por conservadores e seguidores fanáticos do presidente da República. É uma máquina estruturada e clandestina de propaganda que manipula as redes sociais para promover o “mito” e para difamar e agredir os adversários políticos e desmoralizar as instituições democráticas.

Nunca é demais lembrar que liberdade de opinião não pode ser confundida com o direito de divulgação intencional de inverdades, distorção dos fatos e desinformação que confundem a sociedade e, desta forma, ameaçam a democracia e os direitos humanos.

Funcionando já antes e durante o processo eleitoral, as milícias digitais do bolsonarismo ganharam força e penetração depois que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República, tornando o governo uma fonte irradiadora de desinformação para alimentar a máquina publicitária. O chamado gabinete do ódio que, segundo consta, é dirigido pelo filho Carlos Bolsonaro, funciona na antessala do gabinete presidencial, em estreita intimidade com o governante. Além da guerrilha digital, responsável pelas narrativas falsas e distorção dos fatos e da imagem pública dos adverrsários, existem evidências de fortes ligações do clã Bolsonaro com as milicias armadas que controlam parte do território do Rio de Janeiro, com irradiação nas instituições policiais e políticas da Cidade, submetendo as comunidades ao medo e ao domínio de um comércio criminoso.

As milícias são a parte hard da guerrilha bolsonarista. Para completar o cerco autoritário do bolsonarismo, foi descoberta esta semana pelo jornalista Rubens Valente a montagem, na Secretaria de Operações Integradas do Ministério da Justiça, um sistema de monitoramento e vigilância sigilosa e ilegal de funcionários públicos das áreas de segurança e docência críticos ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Esta combinação de fatores é parte de  uma conspiração bolsonarista que representa uma grave ameaça à democracia brasileira.