Funeral procession – Ivan Vladimirov(1870-1947).

 

O quadro sombrio que anunciamos, algumas semanas atrás ( Nuvens Negras sobre a Lava Jato), parece completar-se.  As últimas providências na área do Governo Federal estão a indicar que a Operação Lava Jato agoniza, para gáudio dos delinquentes: políticos com “rabo preso”, magistrados que desonram suas togas, empresários e agentes do Poder Executivo – corruptos e corruptores.

O procurador da república Deltan Dalagnol pede afastamento por razões familiares e, de quebra, recebe do Conselho Nacional do Ministério Público uma advertência provocada pelo mais desacreditado dos nossos senadores, aquele que coleciona processos de corrupção: Renan Calheiros.  Em sequência, doze jovens procuradores pedem afastamento de suas funções, por não mais encontrarem condições satisfatórias de trabalho.  Sua excelência, o Procurador Geral da República, determina a centralização de todos os processos nas mãos de uma “coordenadora”, em claro desrespeito ao princípio da autonomia dos membros do MPF. E, como arremate, em chocante extravasamento de hipocrisia, o senhor Augusto Aras proclama que “a Operação Lava Jato pode acabar, mas não o combate à corrupção”.

Só falta mesmo o “reconhecimento” da suspeição do juiz Sérgio Moro pelo Supremo Tribunal Federal. O indefectível Gilmar Mendes espera o momento propício para levar o caso a julgamento.  E a nós, cidadãos brasileiros de boa fé, o que nos cabe?  Compor uma elegia à esperança que morre?  Entoar compungidos cantos fúnebres à falecida?  Talvez nos reste apenas um consolo: o de saber que os responsáveis por esse crime de lesa pátria – farsantes, hipócritas, cínicos – não escaparão ao juízo da História. Serão relegados ao seu quarto de despejo.