Os delinquentes fascistas mostraram, neste domingo 8 de janeiro, a visão de mundo do bolsonarismo marcada pelo ódio, pela intolerância e pela violência. Assistimos, estarrecidos, uma tentativa de retorno à barbárie, uma negação da civilização e das árduas conquistas que a humanidade ergueu, ao longo de séculos. A democracia é a expressão suprema desse processo civilizatório. O regime democrático é o governo do exercício da tolerância, do diálogo e da superação dos naturais conflitos sociais dentro das esferas institucionais.  

A extrema direita, que produziu o vandalismo que assistimos neste domingo, não é um fenômeno brasileiro isolado, é um fenômeno que tem articulação internacional e que vem ameaçando destruir as conquistas da democracia em países como os Estados Unidos e da Europa, e que tenta, agora, destruir a democracia no Brasil arduamente construída. 

Lá e cá os golpistas e terroristas da extrema direita estão sendo derrotados. Todos os países do mundo condenaram as ações terroristas do domingo, dos Estados Unidos à China, passando pela Rússia.

O terrorismo da extrema direita bolsonarista tem as sementes do seu radicalismo ideológico despertadas pelos impactos sociais da globalização e pelo fundamentalismo religioso. Usando o nacionalismo e a religião como anteparos às ameaças reais e imaginárias, a exemplo do nazismo e do fascismo, constroem uma perigosa e falsa realidade paralela. 

São cegos guiando cegos, numa corrida desenfreada de ódio e ignorância, negando a ciência, a cultura e a valiosa diversidade humana, fulcro do nosso processo civilizatório. Da nossa humanidade.

São terroristas os que atacaram os prédios dos três poderes, produzindo uma devastação nunca feita neste país. Terroristas insuflados pelos ex-dirigentes do País. 

Por meio da desinformação e de sofisticadas estratégias de disseminação de mentiras nas redes sociais, conseguem, destilando o ódio e o medo, conquistar e manter cativos em seu curral ideológico milhares de seguidores vulneráveis a seus apelos paranoicos, fraturando a sociedade, jogando pai contra filho, irmão contra irmão. 

O ataque aos prédios do Congresso, do STF e do Planalto, neste domingo 8 de janeiro, é a repetição da cartilha trumpista do ataque ao Capitólio em 6 de janeiro de 2021 nos Estados Unidos, que lá como aqui colidiram nas sólidas muralhas das instituições democráticas. 

Ao contrário do que dizem alguns jornais estrangeiros, a democracia brasileira demonstrou que é mais forte do que imaginavam seus inimigos golpistas. Os bolsonaristas esperavam, com a invasão nos prédios dos três poderes constitucionais, uma sublevação nacional, e encontrou, ao inverso, uma unidade nacional entre todas as autoridades do País. Poder Executivo, Legislativo, Judiciário, governadores e prefeitos, além das lideranças políticas de todos os partidos, independente de suas diferenças, se uniram em defesa da democracia. 

A contrapartida das liberdades, o que parece ser a fragilidade do regime é, na verdade, sua força ao assegurar pela coerção o primado da Lei e respectivas sanções aos atentados ao Estado Democrático de Direito

O resultado da reação das forças democráticas foi a suspensão do govenador de Brasília por três meses, que foi leniente, senão conivente, com os golpistas, decretado pelo ministro Alexandre de Morais do STF; a intervenção no sistema policial do DF até 31 de janeiro, decretado pelo Presidente da República; a prisão em flagrante de mais de mil e duzentos participantes do vandalismo, e o anúncio da continuidade das investigações tanto sobre a cadeia de poder policial do DF, como dos financiadores e coordenadores intelectuais do vandalismo.

A reação dos poderes constituintes e todas as autoridades públicas do País demonstra que a Nação e o povo brasileiro têm um compromisso inabalável com a democracia, e dela não abdicará. 

IEPfD | Instituto de Estudos e Pesquisas para o fortalecimento da Democracia.