Graças ao empenho do Ministro da Fazenda, Fernando Haddad, contendo ou moderando parte das propostas populistas do presidente Lula da Silva, a economia brasileira começa o segundo semestre do ano com sinais muito positivos. A inflação está em queda e já dentro da meta, em parte, pelo rigor monetário do Banco Central, mas, principalmente, pela aprovação da nova regra fiscal e da reforma tributária (ainda em fase de ajustes no Senado). A melhoria da posição do Brasil na classificação de risco, emitida agora pela agência Fitch, é uma demonstração do sucesso alcançado pela política macroeconômica, o bom “desempenho macroeconômico e fiscal”, como diz a agência. Essa sinalização positiva, no entanto, ainda está longe de levar ao chamado “grau de investimento” (perdido no governo Dilma), que leva à redução das taxas de risco de créditos internacionais (incluindo a dívida pública) e à elevação dos investimentos externos no Brasil, precisamente o que o país mais precisa para recuperar o crescimento sustentado da economia brasileira. Os elementos estão dados para que o Banco Central inicie, de imediato, um ciclo de redução da taxa de juros Selic, que deve estimular a recuperação da economia.
Apesar destes sinais positivos, o PIB brasileiro não deve crescer mais de 2,5% este ano, segundo todas as expectativas, porque ainda existem incertezas macroeconômicas e restrições estruturais, como a baixa competitividade e produtividade da economia. O governo aposta num déficit primário neste ano, e a insistência do ministro Haddad num déficit zero em 2024 não parece crível para grande parte dos economistas, até porque depende do aumento da receita, que enfrenta muitas resistências políticas e algumas dificuldades técnicas.
Se a economia vai bem, indicando um futuro positivo para o Brasil, o governo continua fazendo barbeiragem política, que provoca a desconfiança dos agentes econômicos. A nomeação do economista Márcio Pochmann para a presidência do IBGE foi a mais recente dessas confusões políticas do governo, passando por cima da Ministra do Planejamento, Simone Tebet, que não foi sequer consultada e que não converge com a orientação política do petista. É exagero dizer, como alguns economistas, que Pochmann pode manipular os dados do IBGE, como foi feito na Argentina no governo Kirchner para esconder a inflação. Mas a nomeação de um economista que manipulou publicações do IPEA quando foi presidente do Instituto no governo Dilma Rousseff, e que tem feito declarações bastante controversas, levanta suspeitas e provoca insegurança nos agentes econômicos. Além disso, cria um constrangimento para a ministra que tem sido o vínculo político de Lula com o Centro-Democrático. Não parece importante para ele, já que o presidente tem demonstrado estar mais interessado numa aliança com o Centrão de Arthur Lira do que numa sólida relação com o Centro-Democrático de Tebet.
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