Continuo com histórias de livro que estou escrevendo (título da coluna).
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE, poeta. Mandei foto de barco batizado com verso do Poema de 7 Faces. E um bilhete.
– O barco vai navegar
“Mais vasto é o meu coração”
Será livre como o mar
Generoso como o pão
Quem quiser me encontrar
Enquanto a estrela brilhar
Até o dia raiar
Nele serei capitão.
Drummond agradeceu:
– Meu verso num barco – haverá maior prêmio para um poeta? É comovidamente que digo obrigado!!!.
DIVANE CARVALHO, jornalista. Manhã de Domingo, seu aniversário, ligo bem cedo:
– Parabéns, Divane. Desejo que tenha um dia esplendoroso.
– Acho meio difícil, Zé Paulo. Que estou no Necrotério, esperando o corpo de meu marido, para enterrar ainda hoje.
Padre EDWALDO GOMES, da paróquia de Casa Forte. Numa festa da Vitória Régia. Luciana, minha filha menor, diz:
– Arretado!, padre.
– Cuidado com esse palavreado, Lulu. E logo na frente de um pastor.
– Padre Edwaldo, arretado pode?
E ele, depois de pensar um pouco, responde:
– Poder pode, minha filha. Pode até mais. Pode arretado, merda, bosta, porra e puta-que-o-pariu. Mas só isso, viu? Que, passou daí, é pecado.
Dona MARIA LIA, minha mãe. Publicou livro (Recordar é Viver), com 92 anos. Uma repórter veio lhe entrevistar.
– Dona Maria Lia, o que é a velhice?
– A velhice, minha filha, é uma merda.
PAULO FREIRE, educador. Exilado em Washington (1969). No seu apartamento.
– O que há de novo? no Brasil.
Respondi.
– Estão ensinando OSPB nas escolas, mestre. Moral e Cívica, como por lá se diz.
– Então a coisa tá preta. Nada é mais importante, para o futuro, que a formação das crianças. E os militares, pelo visto, já perceberam isso. Tanto que estão fazendo a cabeça delas, desde pequenas. Essa ditadura vai durar muito. Pelo menos 20 anos.
Acertou até nos anos.
P.S. Feliz ano novo, amigo leitor. E agora é mar. Até depois do Carnaval, se Deus permitir.
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