Campanha eleitoral não é um bom momento para descobrir o pensamento político dos candidatos porque, no geral, não dizem o que efetivamente pensam e, menos ainda o que poderão vir a fazer se ganharem a eleição. Parece paradoxal se for considerado que a campanha é para decidir o futuro do Brasil, mas os candidatos são guiados no seu discurso pela pesquisa de opinião. Como eles não querem desagradar a nenhum grupo de interesse e procuram agradar a todos o que, evidentemente, não é possível em um país com tantas contradições. Principalmente quando se trata de questões estruturais e que representam distribuição de recursos entre segmentos sociais e mesmo entre gerações, como no caso da Previdência social. Os candidatos sabem que, no médio prazo, é inviável a manutenção das regras da Previdência social, especialmente do setor público, com o acelerado processo de envelhecimento da população. Mas nenhum deles fala em reforma da Previdência. O Brasil gasta hoje 7,2% do PIB com benefícios da previdência social, bem mais que os 6,1% do PIB destinados à educação, tem uma população idosa (65 anos e mais) equivalente a 6,7% do total; a Suécia, com 17,9% de idosos (quase 3 vezes mais) gasta com previdência social os mesmos 7,2% do Brasil. Segundo as estimativas do IBGE, em 20 anos, a população idosa do Brasil mais do que dobra chegando a 15,5% do total de brasileiros, idosos que vão viver cada vez mais pelo avanço da medicina. A não ser que o PIB-Produto Interno Bruto também dobre nas próximas décadas, o que parece difícil, a parcela da economia nacional gasta com a Previdência vai acelerar rapidamente em duas décadas, tirando recursos de outras áreas. Temos aí, de imediato, um conflito de gerações na distribuição de recursos para aposentadoria e pensões versus investimento em educação. Quem se habilita a discutir esta questão?
o que não foi falado ai no editorial, e que o inss transborda de dinheiro arrecadado do povo e desviado para outras finalidades, e constantemente se ouve falar que o inss esta deficitário pura mentira, e so para lembrar, colégio e hospitais para as forças armadas e forças auxiliares de boa qualidade! e quem paga o nosso povo! que não tem as mesmas regalias.
Concordo com o Nelson Marinho: a arrecadação do INSS seria suficiente para a distribuições dos recursos necessários às aposentadorias e pensões , mas o desvio de verbas por políticos e/ou servidores inescrupulosos , deixam a impressão que a previdência está “falida” e que as consequências serão desastrosas…
Ainda que o PIB seja dobrado, mas os recursos nas mãos dos corruptos ( os quais deveriam estar na cadeia) a Previdência caminhará para o pior e, como sempre, sobrará para o nosso povo que banca as regalias de uma minoria injusta e indevidamente privilegiada às custas do sofrimento da maioria que trabalha e contribui honestamente para o sistema.
Vide a situação da Itália…Se Brasil não repensar estes pilares vai chegar ao paradoxo de não ter fundos na previdência (entrada de novas contribuições) para fazer frente às que efetivamente tem em dívida. Destinam-se recursos de outras áreas para cobrir a previdência. Logo, por esta razão a necessidade de reformas estruturais (não só na Itália) e que penalizam cada vez mais o trabalhador na ativa, tendo seu tempo de trabalho esticado ao máximo, com idade mínima sempre superior aos 60, independente do tempo de contributo. Falta é gerar oportunidades de trabalho para manter o equilibrio, desfeito desde a verticalização de lucros, com a globalização financeira e desinvestimento na produção….
Permitam-me discordar dos comentarios. A questao eh mais complexa do que desvios de verba. Falta sim eh responsabilidade politica na busca da solucao.
O foco do editorial acima é claro: A previdência é um PROBLEMÂO, maior do que o pib, pibinho, ou pibão. Apenas lamentar o quão é injusta, irreal e corrupta a gestão do sistema previdenciário nacional é tapar o sol com a peneira; como, também, achar que ali transborda recursos, chega a ser infantil. E o pior, como alerta o editorial, é que se perde a hora e a oportunidade de pautar o problema real. Os candidatos não falam e os eleitores não se apercebem; e lá se vão os problemas para baixo do tapete. E bota Tapetão nisso! Como cobrar depois pela falência do sistema? Onde foi colocada a necessidade de discutir competência e tecnologia aplicada, capaz de fazer com que se implante um sistema atuarial de respeito e eficácia? O dito Povo que se avoca que paga as contas já entende o que é FATOR PREVIDENCIÁRIO? As domésticas já estão cientes das dificuldades de regularizar as tão justas e esperadas aposentadorias? E as ¨donas de casa¨, para elas, necas? É sem dúvida, aparentemente complicado, mas não impossível. Lembram quando o Imposto de Renda era feito na munheca? Então senhores candidatos, dirigentes partidários e senhores eleitores, a hora já foi!
Gostaria de lembrar a Nelson que o editorial nao fala de déficit que, ao contrario do que diz, é enorme: a diferença entre a arrecadação e os benefícios chegou, em 2013, a 48,8 bilhoes. Mas nao é este ponto o editorial. O editorial mostra quanto do PIB é destinado hoje para pagar o passado, ou seja, 7,2% do PIB que deixam de ser utilizados no futuro, nos jovens, na educação. Ninguem está propondo acabar com esta proteção, mesmo porque parte dela foi depositada pelos que se aposentam agora. Mas, lembra o editorial, esta parcela do PIB tende a crescer muito com o envelhecimento da população. Se a população esta envelhecendo o logico seria, de imediato, elevar a idade mínima para aposentadoria, nao parece? De qualquer forma, Nelson tem razao em dois aspectos: o gasto do INSS nao é so com trabalhadores aposentados mas tambem com parte da assistencia social. Entao, digamos que a Previdencia e a Assistencia Social comprometem 7,2% do PIB, compromisso que deve aumentar com o envelhecimento da populaçao. Nelson nao tratou mas podemos acrescentar que o buraco na previdencia dos servidores publicos é muito maior – mais de 60 bilhoes – e para beneficio de apeas um milhão de aposentados que, logico, recebem beneficios médios 10 vezes superiores aos da Previdencia. Como vemos, ta tudo errado. Quantas pessoas voce conhece, caro Nelson, que se aposentaram do setor publico com menos de 60 anos, varios com cerca de 50 anos?