19 de dezembro de 2014
Nesta época a gente fica de coração mais mole. Esse ano, sem a presença dos filhos, fiz o propósito de passar ao largo das festas de Natal e Ano Novo. Resisti às confraternizações. Até que hoje, delas sentindo falta, convidei amigos queridos para jantar fora.
Na verdade, já havia capitulado. À primeira música de natal em um Shopping Center qualquer, eis-me como a lírica de Zeca Baleiro, “qualquer beijo de novela me faz chorar”.
Eu mesma escolhi o restaurante, indicado por amigos que me asseguraram se tratar (enfim, aqui no Recife) de uma boa comida italiana. Adoro essa culinária. Tendo morado tanto tempo em São Paulo, cultivei o que de melhor tinha lá do colorido mundo das massas.
Meu teste é simples. Peço a pasta básica: molho de tomate, manjericão e queijo parmesão. É preciso o restaurante passar nesse quesito para ter minha aprovação. Pois hoje, num agradável terraço de casa de ex-vizinhos dos tempos de solteira morando no Poço da Panela, esse prato foi oferecido à delícia. Valeu.
O que não valeu foi o percurso que fiz de meu apartamento no Pina até o Poço da Panela. Queria matar três coelhos numa só paulada: boa conversa, boa comida, luzes de natal nas praças e ruas do Recife no percurso de carro. Adoro a iluminação de natal. E a prefeitura capricha todo ano. Esse natal, porém, que decepção! A Avenida Agamenon Magalhães estava triste. Encontrei luzes de natal em profusão nos hospitais e em um ou outro espaço privado. Um dos hospitais, de tão iluminado, parecia até o cordão de contramestra no pastoril.
Mas as praças, que são do povo como o céu é do avião, estas, tal qual aquela avenida que sempre é a mais iluminada, estavam sombrias.
Voltei para casa fazendo um caminho mais longo. Depois de passar pela Praça do Entroncamento, escura, segui pela Fernandes Vieira até a Praça Oswaldo Cruz. A mesma coisa. Há vários natais, essas duas praças atraíam famílias inteiras para passear à noite. Tomei a Rua do Príncipe em direção ao Recife Antigo. Só nesse caminho fui ver luzes de festa. A Casa José Mariano, linda! A Assembleia Legislativa também iluminada, assim como o Palácio do Campo das Princesas e o prédio grandalhão do Palácio da Justiça. Mas esse, coitado, parecendo um elefante, as luzes só servem para realçar sua feiura.
Salvou-se apenas a Praça da República. Como, porém, à noite é fechada por grades, estará sempre deserta de gente para as aprazíveis noites recifenses. Já no Recife Antigo, vi que a árvore de natal do Cais da Alfândega fora transferida, em outro estilo, para a Avenida Rio Branco. Perdeu a graça. Tanto rio pedindo luzes… Apenas umas poucas pontes iluminadas pelo lado de fora. Muito pouco.
Esse foi talvez o primeiro choque do “ano de aperto” que se anuncia para 2015. Um motorista de taxi já me alertara ontem: a prefeitura deve estar com pouco dinheiro, dona. Pode ser.
Mas uma coisa é certa. O natal de 2015 antecederá o ano de eleições municipais de 2016. Seu Geraldo Júlio que se cuide: ou ilumina nossa bela cidade nas festas do ano vindouro ou corre o sério risco de não se reeleger.
*Socióloga
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