Editorial

Os brasileiros são em geral um povo admirado e querido pelos “hermanos” de países do Caribe, tais como Haiti, Costa Rica, México. Numa disputa de Copa do Mundo, por exemplo, eles torcerão pelo Brasil. Nunca pela Argentina. O exemplo pode não ser o melhor, considerando a excelência de nosso futebol. Porém não foi por acaso que o Brasil foi o país escolhido pela Organização das Nações Unidas para enviar tropas de nossas Forças Armadas em 2004 para ajudar o Haiti na sua reconstrução, após uma guerra civil à qual se seguiu, seis anos depois, um terremoto. Mesmo sabendo que não foi só a questão humanitária que moveu o governo brasileiro do então presidente Luiz Inácio Lula da Silva a enviar tropas para a missão de paz, mas uma barganha a mais para conseguir um assento permanente do Brasil no Conselho de Segurança da ONU (objetivo não alcançado até hoje), a questão que se coloca é: vale à pena? São quase dois mil militares e um gasto de R$ 1,3 bilhão (sem contar os soldos dos militares), dos quais a ONU reembolsou pouco mais de 40% ao Tesouro Nacional. Sem enumerar como esses recursos poderiam ser carreados para nossa política interna de segurança urbana, a questão de fundo é a política em si, de ingerência de tropas militares em outro país, mesmo a título de missão de paz. Os resultados constatados são pífios em face da enormidade dos problemas sociais e econômicos do Haiti.