O governo da presidente Dilma Roussef entra neste ano eleitoral com um enorme dilema na gestão macroeconômica. Depois de dois anos de contenção artificial das pressões inflacionárias com base numa generosidade populista – forçando a baixa das tarifas de energia elétrica e segurando os preços da gasolina – a frágil barragem dos preços ameaça estourar precisamente a alguns meses das eleições. Esta é a herança maldita que o governo criou para ele mesmo e que vai provocar enxaqueca na presidente e cobrir de gritos os seus auxiliares. Para completar o desmantelamento financeiro da Eletrobrás e suas associadas, São Pedro parece que anda aborrecido com a presidente não mandando as esperadas chuvas de verão a montante das hidrelétricas. O governo anunciou com pompa um corte nos gastos de R$ 44 bilhões de reais e vai pedir que os Estados contribuam com mais R$ 55 bilhões para alcançar um superávit primário de 1,9% do PIB, diga-se de passagem, muito modesto para o tamanho da dívida. Por outro lado, com ou sem o aval de Dilma, o Banco Central tem sinalizado que vai aumentar a taxa básica de juros ao longo deste ano, medida denunciada como maldosa arma neoliberal. Estes movimentos podem indicar que a inflação é o maior temor do governo diante das eleições e que pretende evitar a todo custo o estouro da barragem sabendo o quanto aumenta a insatisfação da sociedade na medida em que corrói o poder de compra da população, principalmente dos mais pobres que, em tese, seriam os principais eleitores de Dilma. Num ano eleitoral, pode ser um desastre político para o governo. Embora ninguém deseje a retomada da inflação do Brasil, a oposição saberá explorar eventual evidência de fracasso do governo Dilma na manutenção da estabilidade econômica.
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se fossemos menos corruptos e menos subalternos diante dos países que se dizem ricos não estariamos nesta situação .