No final de 2012, o governo da presidente Dilma Roussef, que parece gostar de viver perigosamente, provocou uma antecipação da renovação dos contratos de concessão do setor elétrico para reduzir as tarifas de energia. De uma só tacada, descapitalizou as empresas de geração e transmissão, comprometendo a sua capacidade de investimento, e estimulou o aumento do consumo. Resultado: enquanto a oferta fica estagnada (a manutenção também), a demanda explode. Na mais elementar regra da economia, esta relação leva à escassez do produto ou ao aumento dos preços. Numa mescla de populismo e medo de um repique da inflação, que poderia atrapalhar a sua reeleição, o governo criou as condições para a crise de energia que estamos vivendo agora; São Pedro passou para oposição e reduziu as chuvas levando à baixa dos reservatórios hidrelétricos, responsáveis por cerca de 80% da oferta de eletricidade no Brasil. Com pouca chuva, não tivemos ainda um apagão porque o sistema elétrico tem atualmente uma reserva de termelétricas para suprimento compensatório. Ocorre que a eletricidade das térmicas tem custo muito mais alto que as hidrelétricas e alguém tem pagar estes custos adicionais. Quem paga a diferença? O governo decidiu mais uma vez segurar a tarifa com as medidas anunciadas ontem: aumento de impostos e financiamento do buraco das distribuidoras que vem comprando muito mais caro para vender barato. No final, mais cedo ou mais tarde, pagam o contribuinte e o consumidor Com tarifas contidas neste ano, o consumo vai continuar subindo para alegria geral do desperdício e a inflação fica represada para ilusão do eleitorado. Afinal, estamos a poucos meses das eleições. Deixa o problema para depois das eleições e para quem for assumir o governo em 2015. Se o PT fosse oposição chamaria isso de “herança maldita”.
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Mais uma prova da incompetência deste desgoverno, que só pensa em se manter no poder através de esmolas com o dinheiro dos outros e que ao invés de jogar como uma equipe, joga para a torcida. O barco está cheio d’água e muitas ratazanas já começaram a pular fora. Vamos pagar caro por estes 12 anos que afundaram o Brasil neste lamaçal.
editorial muito bom. Análise imparcial, impessoal e extremamente claro sobre os fatos.
Não dá mais pra aguentar Lula, Dilma, Dirceu, black bloc, PCC, Congresso.
saudades das estatais! praque atravessadoras? ai e que vai nosso dinheiro.
Nós ainda estamos “consumindo” a herança maldita da privataria tucana também na área energética…
Zito
É muito estranho, para não dizer uma falsificação, que depois de quase 12 anos de governo do PT a culpa dos problemas brasileiros ainda sejam do PSDB. Se Lula e Dilma receberam uma herança maldita (eu nao acho isso) e nao resolveram os problemas em mais de uma década, foram totalmente incompetentes. O que eu acho, Zito, é que Dilma criou novos e graves problemas independente de herança. Herança maldita, caro Zito, vai deixar Dilma que afundou a Petrobras, desmantelou o sistema elétrico, e afrouxou na gestão macroeconômica. O que espero, e acho que ela me agradeceria, que esta herança maldita não fique no colo dela mesma mas que, ao contrario, um novo presidente mais responsavel e competente possa assumir este barco cheio de furos pra consertar os equívocos destes governos.
Sérgio colocou os pontos nis “is”: de incompetência, irresponsabilidade, insensatez, ignorância, incongruência, impaciência, intolerância, … A falência do sistema elétrico pode-se sentir no depoimento dos trabalhadores demitidos, nos investimentos suspensos, nos planos de manutenção descontinuados, …; a falência da Petrobras se sente em todos por todo canto, desde os prejuízos dos investimentos dos planos de aposentadoria dos funcionários, até as inexplicáveis disparidades dos valores aplicados em Pasadena: o que era a metade de U$ 42 milhões, vira US 360 milhões e a outra metade vira U$ 820 milhões.
Falta ampliar essas críticas ao resto do sistema político, com os trens e metrôs, as lavagens de dinheiro das comissões e propinas. Para o desassossego de muitos, tudo isso agora está sendo denunciado pelas empresas e bancos estrangeiros, pelos executivos deslocados de seus feudos partidários, … Eta mundão cheio de heranças malditas. Isso tudo cairá no colo de quem?