Com a economia em frangalhos – terceiro trimestre de recessão econômica e quase falência do Estado – prisão do líder do Governo no Senado, Delcídio do Amaral, presidente da Câmara de Deputados, Eduardo Cunha, sob investigação, pedido pelo Procurador da República de abertura de denúncia contra o presidente do Senado, Renan Calheiros, além de vários outros parlamentares, inicia-se agora um turbulento processo de impeachment contra a presidente da República. Quando os presidentes do Executivo e das duas casas do Congresso são processados e investigados jurídica e politicamente, quem julga quem? O governo perdeu credibilidade e demonstra total incapacidade política e gerencial para lidar com a crise e recuperar a governabilidade. E o Congresso? O Congresso é o terreno da mediocridade e da manipulação, envolvido em corrupção e dominado por interesses privados. Instituições da República desmoralizadas e amesquinhadas por disputas de migalhas de poder convivendo com extorsão e compra de apoios políticos. Se a presidente soube pelos jornais que Eduardo Cunha chantageava o voto do PT na comissão de ética da Câmara, nós brasileiros tomamos conhecimento pelos mesmos jornais que o ex-presidente Lula e a Casa Civil da Presidência queriam trocar os votos com o presidente da Câmara. Rui Falcão, presidente do PT, melou o acórdão sem vergonha. Se este fosse um país sério, a presidente da República renunciava e, ao mesmo tempo, o Congresso decidia pela auto-dissolução, abrindo caminho para novas eleições gerais comandadas pelo presidente do STF-Supremo Tribunal Federal, numa tentativa de zerar o jogo e na esperança de que o eleitorado escolhesse melhor os seus dirigentes e representantes. À pergunta “quem julga quem?” a democracia tem uma resposta: o eleitorado.
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Alcides Pires A Opinião da Semana Aécio Gomes de Matos camilo soares Caruaru Causos Paraibanos civilização Clemente Rosas David Hulak democracia Editorial Elimar Nascimento Elimar Pinheiro do Nascimento Eli S. Martins Encômio a SPP Estado Ester Aguiar Fernando da Mota Lima Fernando Dourado Fortunato Russo Neto Frederico Toscano freud Helga Hoffmann Ivanildo Sampaio Jorge Jatobá José Arlindo Soares José Paulo Cavalcanti Filho João Humberto Martorelli João Rego Lacan Livre pensar Luciano Oliveira Luiz Alfredo Raposo Luiz Otavio Cavalcanti Luiz Sérgio Henriques manifestação Marco Aurélio Nogueira Maurício Costa Romão Paulo Gustavo Política psicanálise recife Religião Sérgio C. Buarque Teresa Sales
Caro João, difícil discordar da lógica moral do editorial. Clara e reta. Mas não vou exercer o silêncio. Nem desempenhar pobre redundância. resta-me, neste fim de tarde azul de Carlos Pena, recorrer aos poetas. Que, ao se esgotar o real, buscam na transcendência, sua visão de mundo. Recorri a Joaquim Cardozo, em cuja navegação homenageio o editorial:
Ao longe vejo um navio / que marcha sempre em desvio / das coisas mortas no mal / navega o chão da planície / onde estão na superfície / sol e azul, azul e sol.
Se esse fosse um país sério…!
Quem não é sério são os atores, de eleitor a “autoridade”…
O Professor Adilson Dallari me convenceu: a decisão de Eduardo Cunha, presidente da Câmara, de dar início ao trâmite de um possível impeachment está dentro da lei. Ilegal seria justamente não tomar decisão alguma. Se é chantagem ou vingança, imoral ou asqueroso, não vem ao caso do ponto de vista jurídico. Agora: se no fim das contas vai ou não vai haver impeachment é outro capítulo. (No caso Collor o procedimento todo levou 7 meses.) Enquanto isso a economia brasileira continua sangrando.
A canalhice patrocinada pelos PTs precisa ter alguma barreira, pois arrogantemente eles ainda acham que são os únicos capazes de “salvar” o Brasil, mas a cada dia dão sinais de demência e desonestidade política e intelectual.
Este é um caso típico onde a forma contamina o conteúdo. Não por acaso, jornais internacionais consideram que Cunha deu sobrevida á Presidente da República. Aproveitando uma avenida de erros da oposição o Planalto e o PT conseguiram inverter a natureza das coisas ao transformar modelo de achincalhe do Estado em uma disputa de currículos entre Dilma e Eduardo Cunha. Não se pode utilizar a mesma estratégia da escola stalinista de que os fins justificam os meios. Aliás, é preciso que a Revista dê mais atenção ao trabalho dos órgãos de controle,Ministério Público, Polícia e Justiça Federal,na condução das investigação. Na verdade, são Instituições que ainda seguem o DNA da Constituição de 88 e estão funcionando com uma lógica da fazer funcionar o Estado de Direito, com começo meio e fim. Alias,
O único problema é o quarto poder no Brasil que é a mídia, cujo manipulação seria marcamente forte. Teríamos a eleição dos mesmos comprados membros para os 2 poderes citados.
Pela primeira vez em minha vida com a Revista Será? – discordo do editorial. Culpar uma oposição heterogênea e vacilante não tem qualquer sentido objetivo. Entendo que o quadro político e econômico brasileiro tem sido tão dramático e cambiante que até dificulta a concepção de uma estratégia de combate a um governo absolutamente inescrupuloso. Por outro lado, como bem observou Helga, pouco importam as motivações do presidente da Câmara para a decisão de acatar o pedido de impeachment da presidente da República. Importa apenas o seu efeito, e o fato de que o pedido tem fundamentação jurídica garantida pelo alto conceito e competência dos seus subscritores. Acenar com uma perspectiva utópica de renúncia geral do Executivo e do Legislativo, que sequer tem previsão constitucional, é cair no desvario, e desmobilizar os espíritos que lutam para uma inevitável mudança de governo – que, aliás, se estivéssemos no Parlamentarismo, já teria ocorrido.
Eduardo Cunha não se sustenta no posto, cairá primeiro, e nossos parlamentares, com todos os seus defeitos, têm instinto de sobrevivência, não permanecerão agarrados a um barco que naufraga. O que temos a fazer é levantar a bandeira do impedimento, nas ruas, nos meios de comunicação, junto aos políticos e intelectuais sérios, que não vendem a alma. Pode demorar, mas chegaremos ao final. Mais difícil é imaginar, e conformar-se com, este quadro de desastre econômico e corrosão institucional por mais três anos. Qualquer mudança será para melhor, é o meu sentimento. Para meu próprio espanto, fazendo coro ao palhaço Tiririca.
Caro Clemente, acho que você interpretou incorretamente a mensagem do editorial. O texto não esta culpando a oposição de nada. Nem sequer esta propondo alguma coisa. O editorial apenas expressa a percepção e o sentimento de que o governo e o Congresso estão sem credibilidade, amesquinhados e desmoralizados, embora existam parlamentares sérios que pensam o Brasil. Tenho certeza que voce concorda com esta analise. Também não está propondo nada, nenhum desvario. O editorial apenas diz que, se o Brasil fosse um pais sério, os dois – governo e Congresso – renunciavam e se auto-dissolviam. Alias, se o Brasil tivesse um regime parlamentarista, o chefe de Estado como poder moderador, dissolvia o Congresso levando junto o chefe de governo. Aproveito para dizer que, ao mesmo tempo que concordo com o editorial, sou totalmente favorável ao impeachment mesmo porque a presidente não vai renunciar e o governo (executivo) é sempre mais decisivo para o futuro do Brasil do que o Congresso (que tem ainda uns 20 homens sérios que pensam o Brasil, o que falta totalmente no governo).
“Tudo aquilo que não se regenera, degenera.” – Edgar Morin
Um dia ouvi uma frase que não sai da minha mente nos dias de hoje, e vale para todos países e ideologias de governo: “ENQUANTO O POVO NÃO PARTICIPAR DA POLÍTICA, ELA SERÁ FRUTO DO CONCHAVO DAS ELITES”. Eu que comecei a minha paixão pelo SOCIALISMO hoje vejo que ele sem a minha segunda paixão a DEMOCRACIA é tão cruel e incapaz de gerir a coisa pública. Quero ainda ter um sonho e espero que ainda possa acreditar na possibilidade de existir um governo SOCIALISTA DEMOCRÁTICO.
Esse governo SOCIALISTA DEMOCRÁTICO existe, pelo menos mais próximo dele é o que vivíamos no Brasil até essa palhaçada das elites começar. Financiados/comprados por empresas estrangeiras que não queriam/querem que isso continue, os partidos de direita começaram a destruir o Brasil por dentro – começando pela mídia manipuladora que agravou a crise – até agora no congresso onde julgam (só agora) crimes já cometidos a décadas e nunca julgados. Tudo isso por simples manobra golpista para as elites retomarem o poder.