Eventos tão diversos quanto a Brexit, plebiscito que separa a Grãbretanha da União Européia, e o brutal atentado terrorista do Aeroporto de Istambul são sintomas isolados de uma mesma mazela: as feridas do processo acelerado de globalização. O mundo encolhe e se integra, levando as novidades a cada canto e propagando ganhos de qualidade, ao mesmo tempo em que se fragmenta e dispersa, criando e expondo diversidades e desigualdades econômicas, sociais e culturais. Toda grande transformação na história da humanidade encerra movimentos contraditórios com a emergência do novo que, no entanto, deixa rastros de resistência de segmentos e setores esmagados pela destruição criativa. Como a mais intensa, profunda e rápida transformação da história das civilizações, a globalização gera este movimento complexo e contraditório de modernização econômica e social, inovação tecnológica, e integração mundial, com tudo que tem de positivo, mas acompanhado de quebra de relações tradicionais, desestruturação nacionais e desorganiação de segmentos da sociedade e da economia que não conseguem acompanhar as mudanças ou ficam presos aos velhos paradigmas. A globalização é um processo histórico inevitável. Mais do que isso, é um movimento desejável de aproximação das nações, integração econômica, propagação de inovações tecnológicas, movimentação de capital de pessoas, e potencial de desenvolvimento econômico. Cabe aos Estados e às instituições globais a tarefa de organizar a transição de modo a minimizar os desequilíbrios e as mazelas sociais, evitando as feridas, feridas que estimulam alternativas retrógradas. Os dois eventos críticos desta semana mostram a reação dos degradados da globalização, na Grã-bretanha e no Oriente Médio, pelos caminhos perigosos e reacionários da direita populista e xenófoba da Europa e do fanatismo religioso e medieval do Estado Islâmico.
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Alcides Pires A Opinião da Semana Aécio Gomes de Matos camilo soares Caruaru Causos Paraibanos civilização Clemente Rosas David Hulak democracia Editorial Elimar Nascimento Elimar Pinheiro do Nascimento Eli S. Martins Encômio a SPP Estado Ester Aguiar Fernando da Mota Lima Fernando Dourado Fortunato Russo Neto Frederico Toscano freud Helga Hoffmann Ivanildo Sampaio Jorge Jatobá José Arlindo Soares José Paulo Cavalcanti Filho João Humberto Martorelli João Rego Lacan Livre pensar Luciano Oliveira Luiz Alfredo Raposo Luiz Otavio Cavalcanti Luiz Sérgio Henriques manifestação Marco Aurélio Nogueira Maurício Costa Romão Paulo Gustavo Política psicanálise recife Religião Sérgio C. Buarque Teresa Sales
João:
A “Será” está passando da conta! Essa edição é um mosaico e, assumindo o lugar comum: um caleidoscópio primoroso. O seu editorial conciso, enxuto e perfeito; A aula-visão de Fernandinho, ao encadear episódios aparentemente comuns, revela a sutil grandeza dos sentimentos culturais do gênero – hoje tão desprezado – Humano! ; A fantástica “busca do tempo encontrado” forrada de ternura, na memória de Clemente Rosas, em suas lembranças da juventude; O embate ideológico de Sérgio, preciso e certeiro em seu enfoque de economista, colocando com simplicidade suas divergências científicas; E, para arrematar, Luciano de forma jocosa coloca suas fragilidades que, ao invés de diminuí-lo simplesmente o engrandece. Sinto-me orgulhoso dessa convivência, acreditem…
Caro Ivan
São impressões generosas como as suas que nos motivam a seguir em frente com um projeto como o da Revista Será?
Apenas uma ressalva, tudo é resultado do trabalho do Conselho Editorial, para o qual eu redireciono seus valiosos elogios.
Um forte abraço
João Rego
A globalização é um dado, e as mazelas são outros tantos dados. Poderíamos lembrar os benefícios que a globalização trouxe, que não são poucos, entre os quais tirar da miséria milhões e milhões de habitantes do planeta – e não só na China ou na India. Com as mazelas acontece o mesmo que com miséria e desgraceira no Brasil: antes da urbanização, e da enorme modificação nas comunicações, ela estava escondida no campo. Conflitos, divisões e guerras tribais assassinas existiam antes da era mais recente de globalização. Sim, mudaram de forma e sentido. Mas a grande diferença é que agora todo mundo fica sabendo, instantaneamente.