Editorial

Com o país atolado na crise econômica, a entourage familiar do presidente da República se dedica ao esporte favorito da guerrilha verborrágica do astrólogo da Virgínia, propagando a intriga e o ódio, gerando instabilidade na própria base do governo. E o presidente, ainda perdido no poder, envolve-se pessoalmente nessa arenga ridícula, descolada dos graves problemas nacionais. Enquanto os brasileiros padecem do drama social do Brasil, com a violência, o desemprego e as carências dos serviços sociais, os ministros do Supremo Tribunal Federal usam o seu precioso (e muito caro) tempo em temas irrelevantes e em disputas personalistas, para não falar das decisões autoritárias e corporativistas, como a recente censura à imprensa. Diante da solitária iniciativa do ministro da economia para tirar o país do atoleiro fiscal, através da necessária e urgente reforma da previdência, a oposição esperneia, manipula e rejeita tudo, pensando derrubar o governo, ignorando o Brasil. E o “Centrão” barganha, chantageia e, finalmente, aceita e aprova qualquer coisa, desde que devidamente bem remunerado. Parecem todos alienados da delicada situação econômica, social e política do Brasil, isolados nos gabinetes e corredores palacianos, e descolados do mundo real. Padecem de uma cegueira cognitiva que os impede de perceber a gravidade da realidade brasileira e o perigoso processo de desmoralização das instituições. Inebriados com o poder e concentrados nos seus próprios interesses, não parecem interessados no futuro do Brasil e no cotidiano dos brasileiros. O país está desorientado, carente de lideranças e de propostas mobilizadoras, e as instituições públicas estão perdendo a credibilidade e a confiança da sociedade. Até quando?