O último final de semana foi marcado por tumultos nos caixas eletrônicos, pelo grande afluxo de beneficiários do Programa Bolsa Família – hoje, 12 milhões de famílias, 3 vezes o que era o Bolsa Escola quando o programa foi criado no governo FHC – em face do boato de que teriam até aquela data para retirar seus benefícios porque o programa seria extinto. A ministra dos Direitos Humanos, Maria do Rosário, divulgou no Twitter que os boatos sobre o fim do Bolsa Família devem ser creditados à central de notícias da oposição. Leviandade sua essa afirmação. Ao fim e ao cabo, quem tirou melhor partido do boato foi a presidente Dilma Rousseff, reafirmando, na sua disfarçada campanha eleitoral no périplo de inaug urações Brasil afora, o compromisso da continuidade do programa. Sem entrar no mérito do Programa Bolsa Família (haveria divergências entre os membros do conselho editorial dessa revista), esse é seu ponto vulnerável: como não é uma política institucional incorporada à constituição do país, como a Aposentadoria Rural e outras políticas sociais (e nem deveria ser, dado o seu caráter contingente), mas sim um Programa de Governo, haverá sempre um pai ou uma mãe a tirar dele proveito eleitoral.
Conselho Editorial
Além dos aspectos apresentado na materia acima, o que também me surpreendeu foi a “docilidade” dos usuário do programa. Que ao invés de sairem nas ruas protestando em relação ao fim do programa (que depois revelou-se boato), foram hávidos buscar o seu “R$ Morte e vida Severina”, isto é, a parte que te cabe nesse latifúndio!
Especulava sobre as formas e ritmos de propagação de um boato na era digital e lembrava do livro de Homero Fonseca sobre o boato de rompimento da barragem de Tapacura no inicio dos anos 70. Naquele momento a propagação se dava principalmente de boca-boca com aceleração através do radio. Pouquíssimas famílias tinham telefone para uma chamada de longa distancia. De modo que, entre a noticia do radio e a propagação final era de pessoas próximas e no boca-boca, portanto, mais lenta. Mesmo assim foi uma loucura. Com a revolução digital e, não esquecer a quebra do monopólio estatal das velhas e emperradas empresas do sistema Telebrás, todo mundo hoje tem celular e se comunica em tempo real com torpedos e falas diretas, o que deve ter acelerado a propagação do boato da Bolsa Família. Mesmo os beneficiários da Bolsa, pobres de “marre de ce” (Marais dessus)tem comunicação digital imediata. Isso é muito bom mas péssimo para a propagação de um boato como esse.