Todo mundo sabia que o Banco Central iria reduzir a taxa de juros de referência (a SELIC) na reunião do COPOM-Comitê de Política Monetária desta semana, embora o tamanho da queda tenha surpreendido a maioria dos analistas. Essa era a peça que faltava para a reanimação da economia brasileira, que vem se arrastando com baixo crescimento há mais de sete anos. A queda da SELIC para 13,25% completa o cenário favorável ao crescimento econômico criado pela definição da nova Regra Fiscal e a aprovação da Reforma Tributária (embora ainda faltem alguns retoques e a votação no Senado).
Estas duas reformas, implementadas sob a liderança do Ministro da Fazenda, foram decisivas para a providência de redução da taxa de juros, na medida em que sinalizam para o equilíbrio fiscal e para a melhoria do ambiente de negócios. No entanto, é preciso deixar claro que a decisão das autoridades monetárias não tem nada a ver com as críticas, muitas vezes grosseiras, ao presidente do Banco Central, porque não é no grito que se decide a calibragem dos juros. “Este rapaz não entende de Brasil e de povo”, disse Lula, na tarde em que o COPOM estava reunido para analisar as condições macroeconômicas que recomendariam uma redução da SELIC. Os técnicos do COPOM não precisam conhecer de povo, eles têm obrigação de conhecer o comportamento das variáveis macroeconômicas, para ajustar a política monetária às metas de inflação.
Para isso estão sendo pagos, e nisso é que eles são competentes, não para a decisão de políticas de desenvolvimento. Estas são responsabilidade do presidente que, por mais que fale, não entende nem precisa conhecer nada de política macroeconômica. Ainda bem que as suas bravatas contra os juros altos não impediram que Fernando Haddad cuidasse da política fiscal e da reforma tributária. Além disso, foi graças à autonomia do Banco Central que as autoridades monetárias puderam tomar decisões independentemente dos interesses políticos do presidente da República. Se o presidente Lula tivesse nomeado toda a diretoria do Banco, o COPOM já teria reduzido a taxa de juros há meses, com risco de realimentação do processo inflacionário que, como sabemos, penaliza principalmente o povo que ele tanto preza e defende. Ele entende de povo, quanto a isso não há dúvida. Mas, atuando de forma voluntarista no afrouxamento fiscal ou monetário, ele poderia ter provocado um grande prejuízo aos brasileiros.
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