Apesar da pandemia, o Brasil manteve posição estável na nota do PISA-Programa Internacional de Avaliação de Estudantes em 2022, de acordo com dados publicados esta semana, ao contrário do que aconteceu nos países desenvolvidos, que registraram recuo das notas em Matemática, Leitura e Ciências. Infelizmente, nada a comemorar, porque esta estabilidade se dá num nível lamentável. Houve melhora da posição do Brasil em relação aos resultados de 2018, que, no entanto, deve-se mais à queda dos outros que ao aumento das notas brasileiras. Quase se poderia dizer que o Brasil não tinha muito como piorar um desempenho já historicamente péssimo. Em todo caso, Priscila Cruz, especialista em educação do “Todo pela Educação”, elogiou o esforço que foi feito no Brasil para contornar as dificuldades da pandemia, afirmando que, do contrário, os resultados teriam sido muito piores, “teríamos ficado ainda mais lá para trás”.
O certo é que continuamos muito atrás da média da OCDE, dos países líderes e mesmo de grande parte das nações do continente, o que compromete seriamente o futuro do Brasil. No ranking de 81 nações analisadas pela OCDE-Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (dados de 2022), o Brasil ficou na 53ª posição, atrás do Chile, da Costa Rica, do Uruguai e do México, com nota muito abaixo da média dos países avaliados nas três áreas de conhecimento: foi o 52º em Leitura, o 62º em Ciências e o 65º em Matemática. Mais uma vez, o Brasil teve o pior resultado em Matemática, sendo ultrapassado por seis países da América Latina: Chile, Uruguai, México, Peru, Costa Rica e Colômbia, nesta ordem. De acordo com o estudo, cerca de 73% dos estudantes não conseguem resolver problemas simples de matemática, como a conversão de moedas e a comparação de distâncias (na média dos países avaliados, este percentual foi de 31%). Em leitura, são 50% os alunos que não conseguem identificar a ideia principal de um texto, ou localizar informações explicitas, e 24% não sabem explicar corretamente um fenômeno científico simples.
Com este desempenho, o Brasil não está preparado para a nova economia baseada em conhecimento, a disputa competitiva que diferencia as nações de acordo com o domínio dos fundamentos da matemática. Para não falar das exigências de domínio de uma segunda língua, que nem sequer foi avaliado pelo PISA. Como a média das notas do PISA esconde uma grande desigualdade de qualidade entre as escolas públicas e particulares, o mais provável é que o Brasil aprofunde o fosso entre uma minoria de jovens antenados com a economia global, e a grande maioria com desempenho desastroso. De acordo com cálculos do Estado de São Paulo, se forem consideradas apenas as notas dos alunos mais ricos de boas escolas particulares, o Brasil subiria para a quinta posição no ranking mundial, e mesmo em Matemática estaria na 29ª posição, apenas um ponto abaixo da média da OCDE. Ou seja, mesmo que o Brasil consiga acompanhar as transformações econômicas do mundo no futuro, o que é difícil apenas com uma elite, o fará ao custo da exclusão de grande parte dos brasileiros.
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