Como a economia brasileira vai relativamente bem, apesar da desaceleração do segundo semestre do ano passado, o presidente Lula da Silva, que não gosta de muita tranquilidade, procurou tumultuar o ambiente econômico e atrapalhar a gestão de Fernando Haddad, seu competente e responsável ministro da Fazenda. Depois de falar impertinências sobre a Venezuela e as guerras da Europa e do Oriente Médio, Lula agora resolveu parar de viajar e virou suas baterias para a política interna do Brasil. Na mesma semana, tentou intervir na Vale do Rio Doce, empresa privada e grande exportadora brasileira, meter-se na decisão sobre distribuição de lucros da Petrobrás, na qual o Estado brasileiro detém apenas 36,6% do total das ações, e voltou a atacar o presidente do Banco Central, a quem parece responsabilizar pela queda da avaliação do seu governo.
Lula não perdeu a chance de repetir seu discurso populista contra o chamado mercado, segundo ele um “rinoceronte, um dinossauro voraz, que quer tudo para ele e nada para o povo”, como se o mercado fosse um personagem. E completou com os apelos verbais para enganar os brasileiros e agradar ao Partido dos Trabalhadores, cobrando que o mercado deveria ter “pena das pessoas que passam fome” (…) “das pessoas que moram na sarjeta (…) e “das meninas que ficam vendendo seu corpo” Presidente Lula, quem tem que cuidar dos pobres é o governo, e não o tal mercado, empresas e cidadãos, que pagam os impostos para financiar os investimentos e as políticas sociais.
Lula se alimenta do conflito e das declarações populistas, esperando com isso recuperar sua imagem pública. Ele ignora os impactos negativos das suas iniciativas e palavras sobre a economia, e mesmo sobre a sua imagem. Ele parece ter saudades dos tempos em que muitas empresas estatais dominavam vários setores da economia brasileira, e os governantes podiam manipulá-las e utilizá-las para seus projetos políticos. Em relação à sua intervenção na Petrobrás para impedir a distribuição de dividendos, Lula não apenas desagrada a milhões de acionistas da corporação (pequenos e grandes), como impede a transferência para o Tesouro de, aproximadamente, 12 bilhões de reais destes dividendos, o que ajudaria muito na gestão fiscal.
O Brasil mudou muito e o presidente Lula não vê, ou não gostaria de ver, por que a ideologia provoca uma cegueira cognitiva. A Vale não é mais uma empresa estatal, o número de estatais reduziu-se bastante desde o governo de Fernando Henrique Cardoso, e a Lei das Estatais, aprovada no governo Michel Temer, não permite mais a ingerência irresponsável dos governantes no comando dessas empresas. Diante de problemas e desafios novos, o presidente da República continua tratando o Brasil com ideias e ferramentas do passado.
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