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Dinheiro
Com quase dois anos de antecedência, o Brasil entrou no modo eleição. Os políticos e, principalmente, os governantes dedicam todas as suas energias para pavimentar o caminho para a vitória eleitoral em 2026. Que os governos abrem os cofres públicos em ano eleitoral já é um fato banalizado pelos brasileiros, incorporado na cultura, mesmo sendo um desvio de conduta que tem consequências no processo eleitoral e na gestão fiscal (principalmente quando se trata de reeleição do governante). O incumbente amplia os gastos públicos, liberando recursos para obras e transferindo dinheiro para o bolso do pobre, mostrando serviço, até mesmo os que não entregou, e comprando a simpatia do eleitorado. Eles se apressam em anunciar novos projetos ou, mais frequentemente, a requentar velhos esquemas, a inaugurar meia estrada e postos de saúde inconclusos, e a transformar tudo numa peça de marketing eleitoral.
Desorientado com o resultado das últimas pesquisas eleitorais, que mostram uma crescente avaliação negativa, inclusive em segmentos da sociedade e regiões tradicionalmente lulistas, o presidente Lula da Silva antecipou a campanha eleitoral de 2026. Até as eleições, o ministro da Fazenda vai ter muita dificuldade para conter a disposição expansionista do presidente. Trazendo junto a propaganda política. Na verdade, desde o ano passado, Lula já vinha participando de todas as cerimônias que divulgassem alguma ação ou decisão governamental, tornando um ato político e publicitário o simples anúncio de um projeto. Com o resultado das pesquisas, o presidente trocou o Ministro da Secretaria da Comunicação Social, decidindo intensificar a sua aparição pública. Todos fazem isto, é parte banalizada do jogo político.
Mas Lula exagera. Esta semana o presidente extrapolou na publicidade, quando convocou um pronunciamento oficial em Rede Nacional de Rádio e Televisão para anunciar algumas das bondades do seu governo, num claro abuso de autoridade, com intenções eleitorais. Nada contra os bons projetos do governo, como o Pé-de-Meia, embora preocupem as facilidades adicionais concedidas à liberação e utilização do FGTS para o consumo imediato dos trabalhadores, reduzindo os recursos do fundo que financia a habitação no Brasil. Então, qual o problema? São dois: fiscal e político-eleitoral. Primeiro, o risco do descontrole fiscal, por conta da ampliação dos gastos públicos para afagar o eleitorado que, sem saber, vai sofrer as consequências negativas – mas estas devem chegar depois das eleições. No terreno político-eleitoral (e até moral), o uso indevido da máquina pública, incluindo o recurso a pronunciamentos oficiais de pura propaganda, representa um grave desequilíbrio do jogo democrático.
Queda de popularidade vem sobretudo da alta da inflação. E não é só no Brasil. O pior é que, com seu desespero eleitoral, o Presidente Lula está criando um circulo vicioso em que o que diz e o que faz para tentar compensar a alta de preços, com mudança de regras para pôr mais dinheiro no bolso das pessoas, faz com que a inflação persista. Mesmo que o BC e a Selic consigam conter a inflação, não dão conta sozinhos, o aumento de preços pode até desacelerar, mas os preços continuam subindo e a popularidade caindo.