Editorial

Quando o ex-presidente Luis Inácio Lula da Silva recorre ao Comitê de Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas afirmando que “não conseguirá Justiça no Brasil sob o sistema inquisitório em vigor” (palavras do seu advogado internacional Geoffrey Robertson), ele está querendo dizer o que? Que no Brasil não tem justiça? Que ele está sendo perseguido por um Juiz Federal e que não têm para quem apelar? Parece que o Brasil é quase uma ditadura. Ao dizer que o Juiz Sérgio Moro pode “mandar prendê-lo a qualquer momento, tornando-se assim o juiz de um julgamento sem júri”, a petição ignora, intencionalmente, as regras do sistema Judiciário brasileiro com todas as instâncias de apelação e todos os instrumentos jurídicos de defesa dos cidadãos, vários dos quais já foram utilizados por seus advogados brasileiros. Como se não bastasse a farsa de que teria havido um golpe no Brasil com o processo de impeachment, Lula pretende agora passar a mensagem para o mundo de um país sem justiça e de que ele seria um perseguido político. Os processos em que o ex-presidente está envolvido tratam de corrupção e obstrução da Justiça, neste último acaba de ser declarado réu por um juiz um juiz federal de Brasília (e não por Sérgio Moro). A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) repudiou o gesto do ex-presidente classificando como uma manobra para intimidar o trabalho realizado pelos magistrados. A petição em si não tem nenhuma importância, e Lula sabe disso. Mais uma vez o que interessa é o marketing, a venda da sua imagem de vítima num país onde teria havido um golpe e o judiciário o persegue. Pior que muitos brasileiros e alguns estrangeiros ainda acreditam nesta mentira.