O Estado brasileiro foi saqueado pelas quadrilhas políticas, bilhões de reais de propina distribuídos com políticos, partidos e dirigentes de estatais pelas empresas que ganhavam concorrência com superfaturamento. Privilégios, supersalários e irresponsabilidade da gestão fiscal acabaram de afundar o Estado brasileiro. No vazio de poder, abrem-se as portas para o crime organizado, que domina as ruas e favelas e conta com a simpatia de parte da população, indignada e descrente das instituições públicas. A cena deprimente de centenas de pessoas eufóricas, saqueando as mercadorias que sobraram de dois caminhões incendiados pelos bandidos no Rio de Janeiro, é uma síntese da tragédia brasileira: o Estado falido e destruído, a sociedade abandonada e descrente, e o território livre para o poder violento e altamente armado do exército de criminosos. O Rio de Janeiro mostra a face mais negra da dramática situação de desagregação social e moral do Brasil. Em apenas dois dias foram incendiados oito ônibus e dois caminhões de carga, e foram capturadas mais de 30 armas de alto calibre, incluindo submetralhadoras e granadas, numa operação da polícia que está longe de desmontar o crime organizado. Em menor escala, a falência das instituições públicas e as operações ousadas e violentas de organizações criminosas alastram-se em várias das grandes e pequenas cidades brasileiras, para espanto e desespero dos cidadãos. O Brasil não aguenta mais este desmantelo. É necessária e é urgente a recuperação do poder e da capacidade política, gerencial e fiscal do Estado, para a implementação de uma estratégia de ações e investimentos significativos que permitam deter o processo de anomia social, desarticular o crime organizado e, principalmente, aumentar a oferta de serviços públicos de qualidade – educação, saúde, segurança – para a melhoria da vida da população.
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Aplaudo esse editorial. Estamos rodando em torno de problemas que já havíamos superado e já passamos da hora de resolver esses temas. o Brasil tem desafios muito maiores para ser enfrentados após vencermos essa questão de base.
Não tenho como refutar os fatos e verdades do Editorial. Mas registro que me deu uma grande tristeza nos ver assim em estado quase pré-falimentar. Tão sombrio! Não dava para deixar uma frestinha de luz?!
Lendo e relendo o Editorial, pensei cá comigo nos países para onde, aos 59 anos, me mudaria num piscar de olhos, sem contemplar muito o mérito da proposta. Cabalisticamente, cheguei aos mesmos 59. Seriam eles: Uruguai, Argentina, Chile, Colômbia, Estados Unidos, Canadá, Jamaica, Costa Rica, República Dominicana, México, Japão, China, Hong Kong, Tailândia, Cingapura, Vietnã, Austrália, Israel, Líbano, Armênia, Irã, Georgia, Turquia, Marrocos, África do Sul, Tunísia, Senegal, Costa do Marfim, Portugal, Espanha, França, Alemanha, Itália, Suíça, Suécia, Dinamarca, Noruega, Finlândia, Islândia, Estônia, Polônia, Croácia, Sérvia, Eslovênia, Bulgária, Ucrânia, Hungria, Eslováquia, República Tcheca, Rússia, Holanda, Grécia, Malta, Irlanda, Inglaterra, Escócia, País de Gales, Ilhas Tonga e Ilhas Fidji. E anda teria uns vinte para rechear a primeira janela de suplência e outros dez para a “segunda turma”. Começo a ficar literalmente doente com o Brasil e no Brasil. Francamente. Espero que sejam só os maus bofes de uma manhã de domingo.
Auxesis!
O Mailson da Nóbrega vem dizendo faz tempo que política de estímulo fiscal não é p’ra quem quer, é p’ra quem pode. Desconfio que o mesmo se aplica a essa história de “ir embora” enquanto projeto político. Verdade que o Brasil já tem uma diáspora considerável, você acha brasileiro em cada canto inimaginável deste mundo.