Com argumentos risíveis e até panfletários, o futuro Ministro das Relações Exteriores do Brasil, Ernesto Araújo, tenta dar um verniz intelectual às aberrações políticas do presidente eleito Jair Bolsonaro em política externa e, principalmente, em relação às mudanças climáticas. Mesmo antes de assumir a presidência, Bolsonaro recomendou que o Itamaraty suspendesse o convite brasileiro para sediar a Conferência do Clima das Nações Unidas (COP 25), que deverá ocorrer em meados do próximo ano. Grave sinalização de que o futuro governo pode mesmo levar adiante a sua intenção de retirar o Brasil do Acordo do Clima, assinado por 195 nações do mundo para definição de metas de redução do efeito estufa que revertessem a dramática tendência de desagregação ambiental. Pior é que a intenção de romper o acordo foi a principal justificativa do presidente para a suspensão do encontro no Brasil, já que, como disse, não gostaria de anunciar a drástica decisão no solo brasileiro.
Na contramão da História, o futuro governo brasileiro se junta ao boçal presidente Donald Trump, que, na sua arrogância primária, simplesmente duvida das pesquisas de quase todos os renomados cientístas do planeta. Para o ministro Araújo, as conclusões dos cientístas sobre as mudanças climáticas não passam de um plano dos “marxistas culturais” para sufocar as economias ocidentais e favorecer a liderança mundial da China. Agitando a paranoia de uma grande conspiração mundial contra o Ocidente e o cristianismo, o futuro ministro das relações exteriores afirma que o “climatismo é basicamente uma tática globalista de instilar o medo para obter mais poder”. O chanceler brasileiro parece atormentado pelo fantasma dos comunistas, esta espécie em rápida extinção no ecossistema político global e nacional.
Pela extensão territorial, pela base econômica e, principalmente pelas grandes reservas de biodiversidade, o Brasil tem uma enorme importância no ecossistema global, e vinha exercendo um papel relevante nas negociações diplomáticas que levaram ao Acordo de Paris. O rompimento do acordo do clima provocará um grave dano à imagem internacional do Brasil, já manchada pelos discursos autoritários do candidato Jair Bolsonaro. E, bem ao contrário do que pensa o presidente eleito, esta decisão vai estreitar bastante as oportunidades do Brasil no comercio exterior, cada vez mais exigente quanto à sustentabilidade dos processos produtivos. O que, aliás, tem sido dito com bastante clareza por lideranças agropecuárias, incluindo a futura ministra da agricultura de Bolsonaro.
Uma verdadeira barbaridade, Sérgio. Um retrocesso sem tamanho, um eco das trevas e, o que é pior, uma escolha totalmente gratuita. O que não falta à Casa são quadros de um certo peso. Mesmo que não sejam necessariamente notáveis, Bolsonaro e “entourage” não precisavam ter ido para o extremo do espectro, para lá pinçar a dedo uma figura que tem o seu toque de alorpada e quase lunática. Nós é que pagaremos a conta por tanta sandice. Indiretamente, devemos este colossal estoque de patacoadas ao PT que, com a política de Celso Amorim, só fez criar deformações na leitura do panorama internacional e na gestão do Itamaraty. Taí!
A minha esperança é que o Presidente Bolsonaro acabe agindo de modo mais pragmático que seu Ministro do Exterior obscuro e obscurantista. Já que são tão entusiastas dos Estados Unidos de Trump, deveriam olhar o feito científico desta semana, da NASA, antes de duvidar gratuitamente dos cientistas do mundo inteiro, coordenados com a ajuda da ONU desde 1992, que analisam e explicam a mudança climática e o aquecimento global. Esta semana, dia 26 de novembro, pousou em Marte o módulo InSight, depois de uma viagem de mais de 8 meses da sonda que levou instrumentos da Terra a Marte. Os instrumentos já estão enviando fotos e colhendo dados, e são movidos a baterias que se recarregam por painéis solares. Os pulos de alegria e abraços com que uma centena de cientistas da NASA comemoraram o pouso em Marte comoveram cientistas no mundo todo. Alegria pelo avanço da ciência, nada a ver com o retórico “America first”.
Esperança??? Você tem alguma? O futuro presidente é uma porta. Suas convicções nem sequer vêem de uma direita bem informada.Ele prova dia a dia sua falta de ideias e conhecimento. E pior, sua eleição legitimou esse pensamento ignorante e retrógrado de parte dos brasileiros. O conhecimento, a arte, a ciência já estão sendo esmagados, no minuto em que ele anuncia qualquer proposta para o novo governo! Tudo é medíocre!!!