Estamos diante de dois fatos, aparentemente distantes, porém correlacionados. O primeiro é o voto secreto no Congresso e em todas as casas legislativas. O que, originalmente, era um mecanismo de defesa para o político não sofrer pressão direta contra a sua consciência, passou a ser um instrumento para viabilizar as falcatruas e negociações escusas, como foi o caso recente da manutenção do mandado do Deputado Natan Donadon, condenado pela justiça e preso. Os parlamentares se escondem da opinião pública e do eleitor através do recurso do voto secreto, espécie de máscara para se proteger da censura e da condenação por posições corporativas e cúmplices. Enquanto isso, nas ruas, grupos de manifestantes com clara intenção destrutiva e violenta, usam as máscaras para se esconder dos atos de vandalismo e quebradeira, muito distantes do protesto legitimamente democrático da sociedade contra a corrupção e pela melhoria dos serviços públicos. Parlamentares e grupos radicais da sociedade, ambos protegidos pelo manto encobridor das ações, no mínimo, duvidosas ou condenáveis, comprometem um dos pilares da democracia: a expressão livre e transparente de opinião, a tolerância e o respeito com as divergências, manifestação de forma aberta e sem estes mecanismos encobridores da ação política. Ninguém precisa de máscaras para se manifestar livre e abertamente numa democracia, desde que sejam formas democráticas de manifestação e não violentas e destrutivas. Por outro, a democracia exige transparência no exercício da política para que a sociedade saiba quem pense e defende o que para poder julgar melhor as escolhas políticas. Será?, caro leitor.

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