O Brasil é um país caro. Independentemente da inflação, que aumenta os preços, o nível dos produtos brasileiros é mais alto que a média dos países, principalmente dos países emergentes. Isto decorre de vários fatores estruturais que demandam reformas e decisões relevantes do futuro presidente e que, no entanto, não constam nas suas propostas. Quando muito, estas se referem a uma reforma tributária, que todos defendem sem definir bem em que consiste; e a investimentos em infraestrutura, uma obviedade para enfrentar os custos de transporte, mas que não influenciam no aumento da produtividade do trabalho. Uma proposta para valer teria que começar atacando o baixo nível da produtividade brasileira (menos de um quinto da produtividade dos Estados Unidos, segundo Jorge Arbache), um dos principais fatores para o aumento do custo de produção. Os produtos saem das fábricas e das lojas muito caros por conta da defasagem tecnológica e gerencial, da baixa qualificação da mão de obra e dos altos encargos sociais. Por outro lado, sofrem nova alta com os elevados impostos (carga tributária de 36,4% do PIB) e, até chegar ao consumidor final, vai acumulando custos que decorrem dos estrangulamentos da infraestrutura. A persistência do protecionismo acomoda as empresas voltadas para o mercado interno, que não resistiriam à concorrência externa. Dois pontos centrais que os candidatos não dizem: 1. Abertura externa planejada e anunciada (para evitar quebra de empresas), acompanhada de forte incentivo à inovação e à qualificação profissional. 2. Reforma da legislação trabalhista para flexibilizar as relações de trabalho e reduzir os elevados encargos trabalhistas, que representam 103% da folha de pagamento (José Pastore). Sem enfrentar essas questões, a economia vai continuar com baixo crescimento.